Projeto que limita uso do flúor gera protestos

O Projeto de Lei 297/2005, que está em trâmite no Senado e pede a suspensão do uso do flúor na água, bebidas e alimentos, vem revoltando dentistas de todo o País. De autoria do senador Antônio Carlos Valadares (PSDB-SE), o documento limita a utilização de flúor na profilaxia da cárie dentária à aplicação tópica.

De acordo com a Associação Brasileira de Odontologia (ABO), o texto do projeto contraria a tese de que a ingestão sistêmica de flúor é eficaz na profilaxia da cárie. Afirma ainda que a fluoretação do sistema de abastecimento público de água é um dos fatores responsáveis pela ocorrência de fluorose dental – doença que atinge crianças e é causada pela ingestão excessiva de flúor, resultando no aparecimento de manchas brancas ou castanhas nas pontas dos dentes recém-formados.

"Acabar com a fluoretação é um retrocesso", afirma o secretário-geral do Conselho Regional de Odontologia do Paraná (CRO-PR), Edson Milani de Holanda. "Em todo o mundo, os índices de cáries são bem menores entre os países que utilizam flúor na água. Em uma cidade como Curitiba, em que a profilaxia é realizada, apenas 1,5% do total de dentes tratados são dentes cariados extraídos ou obturados. Em cidades onde não ocorre a fluoretação, esse índice chega a 12%."

A coordenadora de saúde bucal da Secretaria de Saúde da capital, Lise Villani Souza, concorda com Edson. Ela afirma que a utilização de flúor na água é controlada e não pode ser considerada causa determinante do aparecimento de fluorose. "É inaceitável que o benefício da fluoretação seja questionado. O que causa a fluorose é a utilização excessiva de medicamentos com flúor, a ingestão de pasta de dente (considerada comum entre crianças) e o uso indiscriminado do flúor em creches e escolas. Temos que conscientizar a população sobre o uso correto do produto e não deixar de utilizá-lo no sistema de abastecimento."

Segundo dados da ABO, a adição de flúor à água é capaz de reduzir em até 60% a incidência de cárie a um custo inferior a R$ 1 por pessoa. Na maior parte do território nacional, considera-se ideal a utilização de um teor de 0,7 mg de flúor por litro, sendo admitidas variações de 0,1 mg para mais ou menos. 

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