Foi apresentado ontem na Prefeitura de Matinhos um estudo para recuperação e revitalização da orla da cidade, que há anos sofre com a erosão causada pelo avanço das águas do mar. Para o geólogo Antônio Fernandes da Cunha Neto, responsável técnico pelo estudo, ações simples e que custariam valores razoáveis podem recuperar, em até 30 meses, as praias do município.
De acordo com o estudo que desenvolveu ao longo de 11 anos, o geólogo afirma que gabiões como os que foram construídos há 25 anos nas praias Brava e Mansa resolveriam o problema da erosão e manteriam a areia na orla. ?É uma solução que mesmo sem manutenção deu certo?. Obras parecidas já foram tentadas nas praias do norte da cidade e falharam, mas segundo Neto, a técnica construtiva foi mal empregada. ?Além disso, não adianta apenas jogar pedras nas praias para segurar os barrancos, isso apenas acelera o processo de erosão?, diz.
Mesmo a técnica de engordamento, que consiste em jogar mais areia nas praias, é ineficiente, aponta o estudo. Para Neto, sem o suporte dos gabiões, o mar carrega a nova areia facilmente. ?Isso já foi tentado várias vezes e sempre resultou em fracasso?. Segundo o geólogo, o custo para a colocação dos gabiões e recuperação das praias numa extensão de 4,5 quilômetros custaria por volta de R$ 7,5 milhões.
Neto apresentou também uma proposta audaciosa da construção de uma marina de um quilômetro de extensão, que sairia da região do Pico de Matinhos, famoso ponto de prática de surfe, em direção ao mar. ?Além de espaço para ancorar 220 barcos, seria um pólo turístico para bares, lojas e restaurantes?, diz. Ele acredita que o investimento, em torno de R$ 12 milhões, é sinônimo de revitalização econômica.
O estudo surgiu da iniciativa da Associação dos Comerciantes de Matinhos, da Secretaria de Planejamento do município e de setores da sociedade civil, como a Academia Paranaense de Doutores para o Desenvolvimento, a Federação das Indústrias do Estado do Paraná e o Instituto Paranaense de Desenvolvimento, para atrair novamente turistas à cidade e restaurar o mercado imobiliário.
Recursos
Apenas o Relatório de Impactos do Meio Ambiente, exigência do Ministério do Meio Ambiente para esse tipo de obra, custaria em torno de R$ 2,6 milhões. ?Estive na segunda-feira com o governador Roberto Requião e ele não está disposto a investir nenhum centavo na recuperação da orla. Ele acredita que a melhor solução é desapropriar a região?, conta o prefeito de Matinhos, Francisco Carlim dos Santos. Porém, segundo ele, essa solução seria ainda mais cara aos cofres públicos. ?Temos que encontrar uma solução rapidamente. Não se pode mais fazer obras paliativas?, afirma.
Segundo Santos, a cidade não tem mais capacidade de endividamento, então os recursos para o projeto teriam que vir de fontes federais e até mesmo internacionais. ?É preciso ver, técnica e economicamente, quais as soluções mais viáveis?. Até o fim da semana deve ser assinado um protocolo de intenções entre Prefeitura e os demais órgãos para o andamento do projeto.