Projeto dá esperança a pais de desaparecidos

Sem notícias há dois anos da neta Vivian, que desapareceu quando saía da creche no bairro Barretinha, em Curitiba, o casal Marlene e Luiz Florêncio renovou as esperanças de ter informações da menina. Eles participaram, ontem, da coleta de amostras de sangue que irão para um banco de DNA, através do qual se pretende encontrar crianças desaparecidas. O projeto Caminho de Volta, que já funciona em São Paulo, foi lançado agora no Paraná. A proposta é que ele seja estendido para outros estados e com isso criar um banco nacional de identificação.

A nova tecnologia empregada na busca de crianças desaparecidas foi desenvolvida pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em setembro de 2004. Até hoje o banco já cadastrou 530 famílias e conseguiu localizar três crianças, apesar do equipamento utilizado no banco ter capacidade para processar duas mil amostras por semana. A professora-doutora do departamento de medicina-legal da USP, Gilka Jorge Figaro Gattas, explica que o banco de DNA reúne o perfil genético dos pais que perderam as crianças, e cruza com a de menores encontrados vivos ou mortos.

Para participar do projeto, a família precisa ter um boletim de ocorrência feito na época do desaparecimento. Uma gota de sangue dos pais, avós ou irmãos biológicos é coletada em um papel especial, que pode ser guardado por até 20 anos. ?Com isso podemos fazer a identificação mesmo após muitos anos?, falou Gilka. Ela destacou ainda que o objetivo do projeto, além de localizar crianças desaparecidas, é contribuir para identificar as causas do desaparecimento delas. ?Estima-se que no Brasil desaparecem cerca de 30 mil crianças por ano. Em 70% dos casos elas fogem de casa. Se identificarmos com precisão as causas, poderemos trabalhar na prevenção?, falou.

No Paraná o projeto ficará a cargo da Secretaria da Segurança Pública (Sesp), através do Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride) – delegacia especializada criada no Estado, em 1995. Atualmente 20 crianças ainda estão desaparecidas no Paraná, sendo doze casos registrados antes da criação do serviço. As famílias dessas crianças foram convidadas a coletar material para o banco do DNA. O secretário de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, afirmou que outras amostras serão coletadas de menores que estão em educandários do Paraná. ?Muitas vezes esses menores cumprem sentença no Paraná, e seus pais estão em outros estados e não sabem do seu paradeiro?, afirmou. Ele ressaltou ainda que irá levar o projeto para o Conselho Nacional de dos Secretários de Segurança, para que ele possa ser implantado em todo o Brasil. 

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