Procissões reúnem milhares de fiéis

No único dia em que não há missa no mundo todo, a comunidade católica de Curitiba reuniu-se ontem, em vigília e procissões, para lembrar a paixão e morte de Jesus Cristo, na Sexta-feira Santa. Nem a garoa fina que caiu durante toda a tarde sobre a capital impediu que milhares de fiéis fossem as ruas homenagear aquele que se sacrificou por seu povo.  

As cinco paróquias do centro da cidade (Catedral Basílica, Nossa Senhora de Guadalupe, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Senhor Bom Jesus e São Vicente de Paulo), após celebrações em suas igrejas, realizaram procissões, chamadas de Procissão do Senhor Morto, para encontrarem-se na Praça Tiradentes, em frente à Catedral.

Na maior das procissões, que saiu da Igreja do Perpétuo Socorro e juntou-se com os fiéis da Nossa Senhora do Guadalupe, mais de duas mil pessoas percorreram as ruas do centro da cidade, cantando e louvando a Jesus Cristo. ?Hoje, todas as imagens da Igreja Católica estão tampadas. Hoje é o dia de lembrarmos Jesus Cristo e os santos estão nos dizendo ?não olhem para mim, não orem por mim, façam isso por Jesus??, explicou o padre Dirson Gonçalves, reitor do Santuário do Perpétuo Socorro. ?Hoje é lembrada a maior manifestação do amor de Deus por cada um de nós?, acrescentou.

Carregando a imagem de Cristo morto, os católicos lembraram o sacrifício máximo de Jesus Cristo, que, segundo a Bíblia, morreu para salvar seu povo. ?Não é um dia triste, como se pensa, é dia de reflexão e compaixão?, salientou o padre Dirson, lembrando que o exemplo de amor pelo próximo e por Cristo é o que deve prevalecer nos corações dos fiéis.

Para o arcebispo de Curitiba dom Moacyr Vitti, a Sexta-feira Santa é um dos momentos em que o católico mais demonstra sua devoção. ?Hoje (ontem) é o dia em que mais fiéis vêm à igreja, para manifestar sua gratidão e amor a Cristo, por tudo o que ele fez por nós. Bastante gente que estava afastada vem se reconciliar com sua fé?, destacou.

Para ele, o estado de compaixão tem de ir além da Sexta-feira Santa. ?Hoje (ontem) é dia de reflexão, mas esse espírito não pode existir apenas agora, tem que caminhar junto com as pessoas, para que se chegue no verdadeiro sentido da Páscoa, a celebração da ressurreição, da nova vida?, disse. ?Que o espírito dessa celebração nos ajude a caminhar para um mundo de mais paz, justiça e solidariedade, que é o que o mundo de hoje mais precisa?, concluiu.

Chuva não atrapalhou a celebração

Uma hora e meia de caminhada debaixo de chuva. Esse ?pequeno sacrifício? foi cumprido por milhares de fiéis para lembrar o amor de Jesus pelo seu povo na Sexta-feira da Paixão. ?É o mínimo que poderíamos fazer para homenagear Cristo. Se tivesse caindo um temporal ou fazendo um calor de mais de 40 graus estaria aqui da mesma forma?, contou o empresário Dionísio Filho da Silva, que considera Jesus Cristo o guia da sua vida.

O casal Marcelo Farias Pinheiro e Regina Borges Santos levaram junto os filhos Diogo, de 10 anos, e Andressa, de 7. ?É um dia de amor, de glorificação, de dedicarmos a Jesus?, disse Marcelo. ?E é muito importante trazermos as crianças, para entenderem o significado da Páscoa e ouvir a palavra de Deus?, acrescentou Regina.

Para o analista de Recursos Humanos Alex Velho, o sacrifício foi um pouco maior, ele locomove-se com auxílio de uma prótese na perna esquerda, mas fez questão de participar da procissão. ?A entrega de Jesus por nós vale qualquer esforço, ele é o exemplo a ser seguido?, disse.

Para Alex, a Sexta-feira Santa é um momento de purificação, de libertação dos pecados cometidos no dia-a-dia. ?Além disso, venho buscar força em Cristo, para continuar caminhando em frente e fazendo o bem ao próximo. Tudo o que ele fez me inspira?, contou.

As celebrações da Semana Santa seguem hoje e amanhã em todas as paróquias. Neste Sábado de Aleluia, serão realizadas vigílias até a missa noturna, que lembra a ressurreição de Cristo. No domingo, serão realizadas missas solenes em diversos horários do dia.

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