Prefeitura propõe trégua aos educadores

A greve iniciada na última segunda-feira por educadores dos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) e da Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS) pode estar perto do fim. O secretário municipal de Recursos Humanos, Arnaldo Bertone, recebeu os representantes da categoria ontem e propôs uma data específica, em março, que é a data-base dos servidores, para discutir as reivindicações. Segundo a presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba, Irene Rodrigues dos Santos, o secretário também teria se comprometido a apresentar propostas concretas para a categoria. Hoje, servidores se reúnem em assembléia, às 10h, na Praça Santos Andrade, para decidir se aceitam dar trégua ao movimento.

Segundo a Prefeitura, assim como na segunda-feira, seis CMEIs dos 156 não funcionaram ontem. Com isso, cerca de 800 crianças ficaram sem atendimento nos bairros Pinheirinho e Cajuru. Os pais foram obrigados a contar com a ajuda de parentes, dos vizinhos ou deixar as crianças pequenas com os irmãos mais velhos. Vanda Soares, moradora do Cajuru, conta que socorreu a vizinha que tem um filho de três anos e não tinha com quem deixá-lo. ?Ela trabalha o dia todo e, se não deixasse comigo, teria que faltar ao trabalho para cuidar do filho?, afirma. Maria Aparecida, que mora em frente ao CMEI Moradias Iguaçu, também no Cajuru, conta ainda que muitas crianças tiveram que faltar à escola para cuidar dos irmãos menores.

Segundo a diretora da unidade, Josiele Lovato Gusso, os 19 educadores não foram trabalhar ontem e, das 150 crianças, apenas 12 compareceram e foram atendidas por professores que também trabalham na unidade. Ela observou que as mães preferiram deixar os filhos em casa e só as que não tinham alternativa levaram os filhos para o CMEI.

Já na unidade Doroty Stang, no Bairro Alto, todas as crianças estavam sendo atendidas. Na segunda-feira, a metade dos educadores havia faltado. Em virtude disso, pedagogos e a diretora, Michele Prado, tiveram que entrar em sala de aula. Mas ontem todos os trabalhadores estavam na unidade.

A partir de amanhã, a situação em todos os CMEIs pode voltar à normalidade. A proposta da Prefeitura será avaliada hoje pela categoria. ?O secretário definiu uma data, 5 de março, e se comprometeu a apresentar propostas concretas para as nossas três principais reivindicações?, comenta Irene.

A principal batalha dos educadores é pela equiparação salarial com o magistério municipal com escolaridade equivalente ao nível médio. O sindicato afirma que os professores de nível médio ganham R$ 594 para vinte horas de trabalho e que os educadores, que têm a mesma formação, recebem R$ 698 para quarenta horas. ?Para que haja a equiparação, o piso salarial dos educadores deve ser R$ 1.194,48.?

Outra reivindicação é o direito dos educadores em escolher se querem trabalhar com educação infantil ou educação social, além de uma tabela salarial igual dos professores. Quando um docente sobe de nível tem um acréscimo de 15% ao salário, já os educadores ganham 8%.

Pela manhã, os educadores grevistas realizaram nova passeata da Praça Santos Andrade até a Prefeitura, onde ficaram concentrados até o início da tarde. O objetivo da manifestação foi demonstrar a insatisfação com a ausência – até então – de uma contraproposta da Prefeitura em relação às reivindicações da categoria. 

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