Prefeitura constata danos em áreas invadidas

A Secretaria Municipal do Meio Ambiente constatou danos ambientais nas duas áreas invadidas recentemente nos bairros Campo Comprido e Santa Quitéria, em Curitiba. Fiscais da secretaria realizaram uma vistoria nos locais e apuraram a ocorrência de queimadas e corte de vegetação nativa, além de lançamento de lixo doméstico. Os proprietários ou responsáveis pelas áreas serão multados e notificados a recolherem o lixo.

A invasão no Campo Comprido, que foi desocupado na quinta-feira por determinação judicial, ocupou 150 mil metros quadrados de uma área de 240 mil metros quadrados. O local abriga maciços florestais nativos em vários estágios de desenvolvimento, com fundos de vale e nascentes que são contribuintes da bacia hidrográfica do rio Barigüi. Na vistoria, os fiscais identificaram a queimada de aproximadamente 17 mil metros quadrados de vegetação e corte de vegetação nativa.

No Santa Quitéria, onde famílias ocupam um terreno de 14 mil metros quadrados, os fiscais notificaram oito invasores por corte de vegetação. Parte da área é um fundo de vale. Um condomínio, que fica acima da área, também foi multado em R$ 13,5 mil por lançamento irregular de esgoto. A fiscalização no Santa Quitéria foi feita na última quinta-feira, com a presença da Guarda Municipal e Secretaria do Urbanismo. As autuações serão encaminhadas para a Promotoria do Meio Ambiente para abertura de ação civil pública. A Secretaria também solicitou à Promotoria, Ministério Público Federal e Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente que seja investigado quem são os responsáveis pelas invasões, que serão multados por crime ambiental.

Mudança

Sem ter para onde ir, cerca de 40 pessoas das 1,5 mil que foram retiradas, na última quinta-feira, de uma propriedade particular no bairro Campo Cumprido, passaram as 24 horas seguintes à desocupação na margem do Rio Barigui, na Rua 19 de Abril, no bairro Fazendinha. Mas ontem, foram retiradas também desse local.

Com o consentimento dos moradores da região, que ainda lhes ofereceram alimentos, água, banho e abrigo para as crianças, as famílias acamparam na beira do rio, onde passaram a noite de quinta para sexta-feira. Porém, na tarde de ontem, agentes da Regional do Portão e guardas municipais foram ao local para retirar o acampamento, por ser uma área de risco, na beira do rio e em fundo de vale. A intenção da Regional era convencer as mães a irem com suas crianças para os abrigos do resgate social até que os homens do grupo encontrassem um novo lugar para as famílias morarem.

Mas a investida não foi bem-sucedida: os sem teto desmontaram o acampamento, mas não aceitaram ir com as agentes da Fundação de Ação Social (FAS). ?Não quero um abrigo para meus filhos, quero uma casa para morar com minha família?, alegou Moisés Camargo, que disse temer que, sem mulheres e crianças, a polícia usasse de força para conter os manifestantes.

Após a saída do pessoal da prefeitura, as famílias permaneceram no local e prometeram armar todo o acampamento novamente. ?Se nos tirarem daqui, vamos acampar em frente à prefeitura?, alertou Moisés, dizendo até já ter recebido a oferta de um ônibus emprestado para caso quisessem ir ao Centro Cívico.

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