Prato polonês virou marca registrada em Curitiba

Todo o dia levantar por volta das 6h e ir para a cozinha junto com a esposa para moer ricota e cozinhar a batata. Uma hora depois é a vez dos filhos ajudarem. Depois vem o preparo da massa e o auxílio de quatro funcionários para a montagem de um dos pratos mais tradicionais de Curitiba. Esta é a rotina de Tadeu Kawalec, o conhecido Tadeu Rei do Pierogi, figura cativa nas feiras gastronômicas de Curitiba.

A correria acontece de terça a domingo, quando atende no seu restaurante na Rua Alberto Folloni, no Juvevê, e em uma feira noturna diferente a cada dia, em diferentes regiões da cidade. O dia começa cedinho e só termina por volta da meia-noite, quando Tadeu retorna para casa depois de recolher tudo (incluindo o trailer) usado na feira. Além do tradicional pierogi, a família de Tadeu também produz sonhos recheados com diversos sabores e que também fazem sucesso.

O pierogi se tornou uma grande “sacada” depois da permanência forçada de Tadeu e sua esposa no Brasil. Jornalista, ele era secretário de imprensa do Sindicato Solidariedade na Polônia. Os integrantes da entidade foram perseguidos e presos. Se ele retornasse, também acabaria na prisão.

Marco Andre Lima
Não adianta insistir! A receita ele só contou uma vez, em um programa de televisão: quem pegou, pegou!

Anos depois, em 1988, em um passeio pelo Largo da Ordem, percebeu que não existiam opções de comidas típicas na tradicional feira de domingo. Veio a ideia de oferecer uma opção para atender a comunidade polonesa em Curitiba. Apresentou uma proposta na Fundação Cultural de Curitiba, que administra a feirinha, e ganhou a autorização. “Pensei que poderia ser colocada ali a comida polonesa e logo veio a ideia do pierogi. Fui o pioneiro e anos depois surgiram outras barraquinhas de comida típica na feira do Largo da Ordem”, relembra.

O pierogi do Tadeu virou marca registrada nas feiras gastronômicas e ficou conhecido até mesmo na Polônia. Turistas de lá, quando vêm a Curitiba, têm como parada obrigatória uma passagem pelo restaurante ou por alguma feira onde esteja o trailer do Tadeu. “Uma vez, viajando de avião pela Europa, peguei a revista de bordo e estava lá uma matéria sobre o pierogi e Curitiba”, conta.

A fama levou Tadeu até o programa Mais Você, da Ana Maria Braga, na Rede Globo. Um convite especial foi feito para que ele participasse da atração. Foi a única vez que Tadeu passou a receita do pierogi. “Quem pegou, pegou”, afirma. A receita não é revelada de jeito algum. E nem tente insistir.

Cônsul informal da Polônia

Marco Andre Lima
Tadeu: “Nunca tinha me sentido tão brasileiro como naquele momento”.

Tadeu faz um prato típico da Polônia e ajuda na divulgação da tradição de seu país. É praticamente um cônsul informal da Polônia. Mas se engana quem acha que Tadeu se esquece da terra que o acolheu. Exemplo disto foi quando Tadeu viajou para Roma para acompanhar a beatificação de João Paulo II. Sim, o papa era polonês. Só que Tadeu não levou uma bandeira da Polônia. Levou uma enorme bandeira do Brasil e montou, com uma vara telescópica de seis metros, um mastro para agitá-la em plena Praça de São Pedro, no Vaticano. “Fiquei 15 horas ali e consegui ficar bem pr&o,acute;ximo do altar. Quando o papa Bento XVI deu a benção para o Brasil, pulei em cima do cercado e agitei aquela bandeira enorme. O papa ficou em silêncio. Poloneses viraram para nós (ele ficou próximo de um grupo de brasileiros) e aplaudiram”, comenta. “Nunca tinha me sentido tão brasileiro como naquele momento”, revela.

Tadeu disse que não gosta como parte dos brasileiros critica o próprio País. “Sempre fui educado para ser patriota. Defendo este País e faço de tudo para construir um País melhor. Quero contribuir da melhor maneira possível”, salienta Tadeu, que detém o título de Rei do Pierogi, mas possui um coração bem brasileiro.

Confira no vídeo a conversa com o Tadeu.

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