População dá sugestões para Plano de Águas

O secretário nacional de Recursos Hídricos e do Meio Ambiente, João Bosco Senra, esteve ontem em Curitiba abrindo a fase de discussões públicas estaduais para a construção do Plano Nacional de Águas, que deve ficar pronto em novembro. Desde 2003 os técnicos estavam trabalhando no assunto e agora chegou a vez de a sociedade dar suas sugestões para a elaboração das diretrizes e metas do programa.

O Brasil será o primeiro país das Américas a aprovar, dentro do prazo estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), as Metas do Milênio para a utilização e preservação das águas. Segundo o secretário, o plano prevê que a gestão da água seja compartilhada por toda a sociedade, integrando os setores da indústria, pesca, agricultura, turismo, entre outras. ?É um bem utilizado por todos e a responsabilidade pela conservação também deve ser?, afirmou. Segundo ele, o encontro é uma oportunidade para que a sociedade analise a situação dos rios brasileiros e dê a sua contribuição para o uso e preservação.

Senra afirmou que o Paraná tem experiências importantes nesta área, como o cuidado com a mata ciliar. Em 2004 foi  distribuído um milhão de mudas de árvores para que os agricultores fizessem o reflorestamento em suas terras. Este ano foram cerca de cinco milhões.

O superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Paraná, Marino Gonçalves, afirmou que o Brasil é um país privilegiado: possui 13,8% da água potável que pode ser utilizada em todo o mundo. No entanto, boa parte dessa riqueza já foi degradada pelo homem. Agora chegou a hora de fazer o uso racional. Uma das metas do plano será o uso sustentável da água. As indústrias, por exemplo, terão que fazer o reaproveitamento e os edifícios construídos com cisternas irão captar a água da chuva.

No entanto, a necessidade de colocar a mão no bolso para se adequar às novas normas pode fazer muita gente ser contra as mudanças. Mas Marino diz que existe uma falsa impressão de que cuidar da água é sinônimo de gastos. ?Os empresários vão economizar reutilizando a água. Também não dá para esquecer que, se a água faltar, acaba toda a produção?, fala.

Outra questão que o plano vai priorizar como meta é a ampliação urgente da rede coletora e de tratamento de esgoto. A maioria das cidades possui captação apenas parcial. ?Fica difícil controlar o despejo de dejetos nas águas?, fala.

Integração

O Brasil foi dividido em 12 regiões hidrográficas e o Paraná tem suas águas em três delas: Região Hidrográfica do Paraná, Região Hidrográfica Atlântico Sul e Região Hidrográfica do Sudeste. O secretário afirma que existe a necessidade de um planejamento global já que os rios banham vários estados. Os outros países da América do Sul também estão estudando ações. O Chile é o único país que não tem ligação hidrográfica com o Brasil. O país recebe ou fornece água para todos os demais.

Os encontros públicos estaduais serão realizados em todos os estados até o dia 20 de outubro. O Paraná foi o primeiro a realizar o evento. Depois que o plano estiver elaborado, será submetido à aprovação do Conselho Nacional de Recursos em dezembro. 

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