Angusti-folia

Políticos do Paraná presos por crimes ambientais

A Polícia Federal (PF) cumpriu ontem seis dos sete mandados de prisão temporária, expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, decorrentes das ações de fiscalização da Operação Angusti-folia.

Entre os detidos estão o prefeito de General Carneiro, Ivanor Dacheri, o vereador e presidente da câmara municipal da mesma cidade, José Cláudio Maciel, e o vice-prefeito de Coronel Domingos Soares, Volnei Barbieri.

O único mandado não cumprido até o início da noite de ontem era o da prisão do prefeito de Bituruna, Remi Ranssolin, que está foragido. Todos, que também são donos de madeireiras, são acusados de usar licenças irregulares, com notas frias, para fazer o corte ilegal de reservas naturais. Além de crimes ambientais, os detidos deverão responder por formação de quadrilha, falsidade ideológica e corrupção ativa.

Os outros detidos são três integrantes de uma mesma família de São Paulo, que seriam proprietários de uma madeireira com filial no Paraná. De acordo com o delegado-chefe da Delegacia de Crimes Ambientais da Polícia Federal no Paraná, Rubens Lopes da Silva, os mandados foram cumpridos para conservar as eventuais provas que podem caracterizar os crimes ambientais.

Segundo o delegado, os detidos em São Paulo comandavam diretamente um esquema de extração irregular de madeira na região. “Uma gráfica fazia a impressão de notas falsas, as empresas recolhiam ICMS sobre essas notas e enganavam a fiscalização”, disse.

O delegado da PF também afirmou que foram interditadas terras, além da empresa do deputado federal Luciano Pizzatto (DEM), também do ramo madeireiro. “A PF não teve a explicação da origem das milhares de toras que estavam nas dependências da empresa de Pizzatto”, afirmou Silva.

O deputado questionou a veracidade das informações do delegado, sugerindo que as ações da operação poderiam ser reflexo das denúncias que teria feito à imprensa sobre a falta de cobrança das multas do Ministério do Meio Ambiente.

Assessores jurídicos dos detidos no Paraná informaram que, até o final da tarde de ontem, ainda não haviam tido acesso aos documentos que fundamentam as prisões para emitir declarações. A reportagem tentou contato com a sede da empresa paulista, mas não teve retorno.

Descontentes

A PF também interditou, por 15 dias, 16 madeireiras. As interdições têm gerado polêmica entre políticos e representantes do setor. O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, encaminhou uma carta para autoridades federais e estaduais alertando que a operação estaria provocando constrangimentos a empresários e prejuízos ao setor da madeira.

Já o deputado estadual Valdir Rossoni (PSDB), durante um encontro com o governador Roberto Requião, pediu o fim do “terrorismo” na operação e a punição para empresários fora da lei.