Polícia Federal pressiona o governo por salários

Brasília  – O movimento de greve dos policiais federais, iniciado na semana passada em Brasília, se alastrou por quase todo o País. Cerca de 70% do efetivo da Polícia Federal está paralisado. Não há greve apenas em Roraima e Foz do Iguaçu. Também não entraram em greve alguns agentes em São Paulo que participam de ações especiais, como a Operação Anaconda, que investiga o envolvimento de juízes e policiais num esquema de venda de sentenças judiciais.

O movimento está enfraquecido em Minas Gerais e Rio de Janeiro, mas a Federação Nacional dos Políciais Federais (Fenapef) espera novas adesões nos próximos dias. Os policiais reivindicam o pagamento de salários de nível superior, já que todos que ingressam na categoria são obrigado a ter formação universitária.

Ontem, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou que está tentando resolver a questão, mas lamentou a paralisação. “Gostaria que não houvesse (a greve), mas a greve é um fato. Eu lamento”, disse o ministro, após participar de uma audiência na Câmara dos Deputados, onde recebeu vários apelos de parlamentares para que interferisse no assunto.

Os grevistas cercaram o ministro ao sair da comissão, mas nenhum incidente foi registrado. “Temos diferenças administrativas com o diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, mas neste ponto ele nos dá apoio. Não é uma greve contra ele e nem queremos sua saída, mas é uma paralisação contra o que estão fazendo com a PF”, afirmou o presidente da Fenapef, Francisco Garisto.

Na semana passada, a direção da PF admitiu que os cerca de oito mil policiais federais têm direito a receber como funcionários de nível superior. O Ministério do Planejamento e Orçamento, no entanto, não aceita os argumentos dos agentes, apesar de já existir uma decisão da Justiça Federal que daria razão aos policiais. A direção da PF informou ter solicitado ao ministro do Planejamento, Guido Mantega, um aumento de R$ 528,9 milhões no orçamento da instituição para reajustar os salários da corporação.

A federação decidiu que não deveria haver paralisação nos Estados e cidades onde estão sendo realizadas operações especiais, como em Roraima (Operação Praga do Egito), Foz do Iguaçu (prisão de policiais rodoviários federais) e São Paulo (45 policiais foram dispensados por estarem atuando na Operação Anaconda). Nos demais Estados, apenas os serviços essenciais estão funcionando, mas também de forma precária. “Nossos serviços rotineiros estão atrapalhados, mas operações e investigações continuam sendo realizados sem problemas”, afirmou o diretor da PF, Paulo Lacerda.

Efetivo do Paraná adere ao movimento

Entre os 8 mil Policiais Federais em todo país, cerca de quinhentos deles estão no Paraná, divididos em unidades nas cidades de Curitiba, Paranaguá, Londrina, Maringá, Guarapuava, Guaíra e Foz do Iguaçu.

Segundo o presidente do Sindicatos os Policiais Federais do Estado do Paraná, Naziazeno Florentino Santos Filho, 30% deles desempenham funções administrativas. Uma nova paralisação de alerta da Polícia Federal deve acontecer dia 17 de dezembro.

Se eles não obtiveram as reivindicações atendidas, prometem entrar em greve por tempo indeterminado a partir de janeiro. Florentino afirmou que a categoria está seguindo as indicações da federação nacional.

Desde a última greve os policiais aguardam uma definição do Ministério da Justiça quanto as reivindicações.

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