PM desocupa área de preservação em São José

A Área de Proteção Ambiental ocupada desde o último fim de semana em São José Pinhais, às margens da BR-277, foi desocupada ontem pela Polícia Militar, cumprindo ordem judicial expedida pelo juiz Raul Luiz Gutmann, da 1.º Vara Civil do município. Segundo um dos líderes, Valmecir da Silva, no local já haviam sido demarcados lotes para pelo menos 500 famílias. Durante a ação, o trânsito ficou lento na rodovia.

Cerca de cem homens da PM e da Tropa de Choque chegaram ao local por volta das 17h, para cumprir a determinação judicial. A prefeitura de São José enviou cinco ônibus para fazer o transporte e cadastramento das famílias. Segundo o comandante do 17.º Batalhão, Nelson Marusiaki, as pessoas concordaram em sair pacificamente e não foi registrado nenhum incidente. Mas, segundo Valmecir, eles não iriam desistir e pretendiam ficar acampados às margens da rodovia.

Apesar de o local ser propriedade particular, a ação foi movida pela Prefeitura de São José dos Pinhais por se tratar de uma área de preservação. O Rio Pequeno corta o local e em emergências é usado no abastecimento de Curitiba. Além disso o terreno é sujeito a inundações.

A chuva que caía sem parar desde terça-feira à noite atrapalhou um pouco a saída dos moradores, pois parte do terreno ficou alagada. Algumas famílias já tinham até começado a levar madeira para reforçar os barracos e falavam em puxar energia elétrica.

Vanderlei Rodrigues da Silva queria construir um barrraco de 18 metros quadrados para se mudar. A intenção era se livrar do aluguel de R$ 300,00. Ele está desempregado e precisa sustentar três filhos. “Amanhã (hoje) quero estar com ela pronta”, comentou. Maria de Fátima, 42 anos, também levava algumas madeiras em um carrinho-de-mão com a ajuda do genro. Ela ganha R$ 240,00 e o aluguel é de R$ 200. “Vamos arrumar para passar a noite aqui”, dizia.

Na última terça-feira uma pessoa foi baleada na perna no local, mas passa bem. O comandante do 17.º batalhão informou que não dispunha de informações sobre o fato porque a polícia não foi acionada para atender a ocorrência

A maioria das pessoas que invadiu área de três alqueires é do próprio município e de Curitiba. Ganham pouco e a renda é quase toda consumida com o aluguel. Só não foram retirados da área 13 famílias que compraram terreno antes que o local fosse considerado de proteção ambiental. Mas a Prefeitura de São José move uma ação na justiça para que eles saiam. O loteamento havia sido aprovado em 1959 e a lei que protege áreas de várzea e a beira de rios saiu em 1965. Esta foi a quinta desocupação urbana que a Secretaria da Segurança Pública promove em 2003. No total, somando as áreas urbanas e rurais, foi a 24.ª desocupação pacífica que o governo realiza neste ano.

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