A Polícia Militar aguarda ordens da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) para fazer a desocupação da Fazenda Sonda, no Centro-Oeste do Estado, ocupada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na segunda-feira. A Justiça já determinou a reintegração de posse, mas a ação ainda não tem data para acontecer, segundo a assessoria de imprensa da Sesp.
Segundo o sargento Marcos, do 16.º Batalhão da Polícia Militar de Guarapuava, cerca de seiscentas pessoas estariam na fazenda, localizada no município de Santa Maria do Oeste, a cerca de 400 km de Curitiba. A PM, segundo ele, está fazendo o acompanhamento, mas apenas de longe. “Só o pessoal do destacamento está no local, com uma viatura e dois policiais”, informou. Segundo o sargento, a situação no local ontem era tranqüila.
Os integrantes do MST voltaram à fazenda quase duas semanas depois de desocupá-la. No dia 19 de outubro, eles saíram da propriedade pacificamente, após negociações com a Secretaria de Segurança Pública. No entanto, instalaram-se em frente à fazenda, a poucos metros de distância. A área pertence ao grupo gaúcho Master Sonda.
A Justiça determinou que os trabalhadores que ocupam a área sejam identificados. Também fixou multa de R$ 1 mil por dia contra o grupo, caso a reintegração de posse não seja cumprida.
Araupel
Ontem o superintendente regional do Incra, Celso Lisboa, recebeu representantes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep), que reivindicavam a priorização de trabalhadores rurais da região no processo de assentamento na Fazenda Araupel, em Quedas de Iguaçu. A área de 25 mil hectares será desapropriada em breve para reforma agrária e será o modelo de assentamento no País. “A gente tem vontade de assentar o pessoal do próprio município, mas precisamos nos certificar de que as pessoas de fato atendam os critérios para assentamento”, explicou o superintendente. Segundo ele, desde que a reforma agrária no local foi anunciada, não param de chegar pedidos de pessoas que querem se instalar na área. “O projeto original prevê o assentamento de 1.580 famílias e já há pelo menos 1.800 atualmente na fazenda, ou seja, um excedente”, salientou. Os critérios adotados pelo Incra são de exclusão: não tem direito à área quem estiver empregado, for funcionário público, aposentado por invalidez, entre outros.
Mais duas reintegrações de posse
A Secretaria de Estado da Segurança Pública iniciou na tarde de ontem a reintegração de posse de mais duas fazendas no interior do Estado. Desta vez, a desocupação está sendo feita nas fazendas Boito, em Medianeira, e Trento II, em Ramilândia, ocupadas por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais (MTR). A PM deslocou para a região um efetivo de 115 policiais para realizar a desocupação das áreas, que deve ser concluída até o fim da tarde de hoje.
A Fazenda Trento II tem uma área de 2 mil hectares e estava ocupada por duzentas pessoas, desde 20 de agosto deste ano. A Fazenda Boito tem uma área de 275 alqueires e foi ocupada por cerca de 180 integrantes do movimento, em 3 de julho.
Na Fazenda Boito, a PM apreendeu um revólver calibre 32, um rifle calibre 22, com luneta, uma espingarda calibre 36 e uma garrucha de fabricação artesanal. Com os invasores da Fazenda Trento foi apreendida uma caixa contendo 50 cartuchos de munição calibre 22.
Mais uma vez, a Secretaria de Estado da Segurança Pública manteve a política de diálogo e negociação para desocupação pacífica, evitando o conflito agrário. Com estas duas reintegrações de posse, o governo contabiliza 28 operações dessa natureza realizadas neste ano.