Pequenas cidades perdem população no Brasil

Entre a contagem da população em 2007 e a estimativa populacional em julho de 2008, ambas formuladas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 24 municípios paranaenses registraram diminuição no número de habitantes. As diferenças não são tão significativas, mas aconteceram somente em cidades consideradas pequenas, com menos de 12 mil pessoas.

Com base nos dados do ano passado, os municípios que se enquadram neste cenário são: Altamira do Paraná (3.799 habitantes), Alto Paraíso (3.217), Ariranha do Ivaí (2.533), Borrazópolis (8.235), Brasilândia do Sul (3.260), Campo Bonito (4.385), Corumbataí do Sul (4.220), Esperança Nova (1.836), Farol (3.354), Formosa do Oeste (7.453), Iracema do Oeste (2.567), Itaúna do Sul (3.621), Janiópolis (6.983), Lidianópolis (4.083), Lindoeste (5.419), Manfrinópolis (3.283), Nova Aurora (11.636), Nova Cantu (7.481), Nova Tebas (8.283), Rosário do Ivaí (5.813), Salgado Filho (4.640), Santa Tereza do Oeste (9.320), Santo Antônio do Paraíso (2.315) e Tomazina (8.808). No mesmo período, os maiores crescimentos foram registrados em cidades com população acima de 50 mil habitantes.

Para determinar os motivos da migração, é necessário analisar o perfil e a economia de cada município. Não é possível generalizar. No entanto, normalmente, mesmo com um desempenho econômico bom, os habitantes saem das cidades pequenas em busca de melhores oportunidades nos grandes centros.

O professor Cássio Rolim, da disciplina de Desenvolvimento Regional do programa de pós-graduação em Desenvolvimento Econômico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), explica que as pessoas saem de pequenos centros em busca de trabalho, formação escolar e da estrutura que as cidades menores não possuem.

“Esse é o padrão clássico para explicar”, comenta. O desempenho da economia em determinado período também pode motivar a migração. Existe este reflexo quando há algum fator climático envolvido, por exemplo. É o caso de uma geada muito forte, que destrói toda a produção.

O desaparecimento de pequenas cidades já ocorreu no passado e pode voltar a acontecer. Tudo depende do tamanho da cidade e a crise econômica que se abate sobre a comunidade.

“Quando as cidades começam a ter uma estrutura fixa, com serviços do Estado, polícia, investimento de fora, fica menos dependente da base econômica da região. As pessoas que trabalham nisso têm ali seu emprego, sua renda. E têm menos motivo para migrar”, afirma Rolim.

O professor lembra que o crescimento cada vez maior das grandes cidades é um fenômeno mundial e não poderá ser revertido. “Quando as atividades econômicas estão concentradas, produzir nestes locais é mais barato e vantajoso”, esclarece Rolim.

Mais de 80% dos municípios do Estado têm até 23 mil habitantes

Quanto menor o município, há um maior predomínio de taxas negativas de crescimento. Entre 2000 e 2007, 70% dos municípios paranaenses de até 10,2 mil habitantes tiveram redução na população.

Dos 399 municípios do Paraná, 328 possuem até 23 mil pessoas, o que representa 82,2% do total de cidades no Estado. Os dados são do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).

No entanto, os pesquisadores ressaltam que vários municípios pequenos estão tendo taxas positivas de crescimento. A pesquisadora Marisa Magalhães e o demógrafo Anael Cintra revelam que não é possível analisar apenas com base em uma variável.

Um exemplo é Diamante do Oeste, que teve uma variação n,ominal do Produto Interno Bruto (PIB) per capita de 364% entre 2002 e 2006. No entanto, a população diminuiu de 3.621 para 1.644 habitantes.

Júlio Suzuki, coordenador de conjuntura do Ipardes, e Fernando de Lima, geógrafo e analista de conjuntura, afirmam que nas cidades consideradas pequenas há uma maior concentração de atividades primárias. “Quando vai aumentando a população, uma parcela começa a ser distribuída em outros setores, como nos serviços e na indústria”, esclarece Suzuki.

Impactos

Segundo os pesquisadores, a atividade econômica vai impactar de uma determinada maneira a ocupação da cidade. Mas o fato de perder população não significa que o município seja extremamente pobre e totalmente sem condições.

O Índice Ipardes de Desenvolvimento Municipal (IPDM) faz uma análise temporal de determinados indicadores, como saúde, educação e renda (ver quadro). Entre 2002 e 2007, nos pequenos municípios houve melhoria.

Em alguns deles, bem significativa. Neste período, nas cidades com até 10 mil habitantes, 70% delas obtiveram índices superiores no IPDM e 28% permaneceram no mesmo patamar.

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