Peças originais de carros antigos quase não existem

Colecionar carros antigos sempre foi atraente para muitas pessoas. Mas para que sejam considerados veículos originais, eles precisam manter pelo menos 70% das peças autênticas, excluindo apenas pintura, estofados e pneus. Porém as reposições de modelos não mais fabricados estão acabando, segundo o colecionador Edson Cordeiro, proprietário da Autogol, loja de autopeças em São José dos Pinhais.

Ele explica que poucas pessoas conservaram peças e carros quando as indústrias deixaram de fabricá-los. Antigamente, as partes eram vendidas para siderúrgicas por um preço bem baixo. “A loja começou com o meu pai há mais de cinqüenta anos e, naquela época, ele não quis se desfazer por tão pouco dinheiro. Acabou guardando, e tenho esses itens até hoje”, afirma Cordeiro, que estima possuir cerca de oito mil peças de carros antigos.

De acordo com ele, algumas peças já não são mais encontradas no mercado brasileiro, restando apenas ao colecionador a possibilidade da importação. “Mas acaba saindo muito caro. Um conjunto de calotas de um Ford 1950 sai por US$ 1,5 mil em uma fábrica canadense, especialista no segmento”, exemplifica Cordeiro. Ele acredita que a procura direta dos colecionadores por pessoas que possuem carros antigos e o próprio passar do tempo são alguns dos motivos para a falta destas peças. “Elas são todas importadas, pois a indústria automobilística brasileira se firmou na década de 1950”, comenta.

Cordeiro também consegue peças antigas para vender na loja em feiras realizadas em diversos estados do Brasil. “Mas muitas delas já não são tão bonitas como as que eram encontradas com tanta facilidade. A maioria das peças precisa de restauração, o que pode sair bem mais caro e não atrair tantos colecionadores”, conta. Mesmo assim, a procura no estabelecimento dele acontece durante todo o dia, além das mensagens eletrônicas que recebe de várias partes do País. As mercadorias mais raras que ele possui são um amortecedor de um Ford 1940 e uma peça de arranque de um Ford 1928.

Cordeiro guarda as peças antigas quebradas ou com defeitos, deixadas de lado pelos colecionadores. “Elas podem servir como molde para a fabricação de novas peças, mesmo não sendo adequadas para os carros de colecionadores. Pelo menos teremos réplicas para o futuro”, avalia Cordeiro.

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