O Parque Nacional do Iguaçu completa hoje 65 anos. Motivos não faltam para comemorar. O número de visitantes aumentou no último ano. Em 2003, 764.709 turistas visitaram as Cataratas do Iguaçu, 18,4% a mais do que em 2002. Aproveitando o aniversário vão ser inauguradas mais três atrações turísticas. Entre elas, elevadores panorâmicos, novos mirantes e atividades de esportes radicais como arvorismo, rappel e rafting.
O diretor do parque, Jorge Pegoraro, explica que é interessante para o País que o número de visitantes aumente. Ele diz que o dinheiro arrecadado é empregado na conservação do próprio parque e de outros que não possuem visitação, como o Parque Nacional do Jaú, no Amazonas. Em 2000, seis empresas começaram a operar no parque. O turista contou com melhorias na infra-estrutura e mais opções de lazer. Parte do que ganham fica com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). ?Nós conseguimos um modelo que promove a preservação ambiental e o desenvolvimento auto-sustentável ao mesmo tempo?, comenta Pegoraro.
Segundo o diretor do parque, o Ibama pensa em adotar o sistema em outros parques nacionais. Pegoraro conta que o governo precisa priorizar áreas como saúde e educação, sobrando pouco para investir em turismo. ?Além disso, o Ibama é um órgão de preservação e não entende de turismo. Melhor deixar para a iniciativa privada?, analisa.
Pegoraro revela que não só o parque mas toda a região foi beneficiada com as concessões. Os turistas costumavam ficar duas horas visitando as Cataratas e depois iam embora. Agora passam até dois dias. ?Ganham os hotéis, restaurantes e o comércio em geral?, pondera. Outro ponto favorável é a criação de postos de trabalhos. São 700 empregos diretos entre funcionários do Ibama e das concessionárias.
Melhorias
Desde 2000, houve várias mudanças no parque. As concessionárias construíram um amplo centro de visitantes, que inclui restaurantes, lojas e ambulatório médico. Foi implantado ainda um novo sistema de transporte e abertura de trilhas pela mata. As empresas também continuaram as atividades que já existiam, como o vôo de helicóptero e o passeio de barco.
Hoje, vão ser inaugurados mais três serviços. Um deles é o Cânion Iguaçu que vai oferecer a prática de esportes radicais como escalada, rafting e rapel. Outro serviço é o Circuito M?Boy. Uma trilha de nove quilômetros que pode ser percorrida a pé ou de bicicleta. No final inclui um passeio de barco acima das cataratas.
O outro serviço se refere a revitalização do Espaço Naipi. Foram construídos dois elevadores panorâmicos e mirantes que vão deixar o turista mais perto das quedas d? água, entre elas a Garganta do Diabo e o Salto Floriano. Nessa área foram gastos R$ 4,5 milhões. Pegoraro garante que os deficientes físicos vão ter acesso aos mirantes, o que antes não acontecia.
Fora de Foz
A programação dos 65 anos do parque inclui também atividades fora de Foz do Iguaçu. Em Céu Azul, será inaugurada uma trilha que fica no entorno da unidade de preservação. O parque também está dinamizando parcerias com universidades nas área de pesquisa e educação ambiental aplicada às comunidades dos 14 municípios que abrangem o parque. O alpinista Waldemar Niclevicz, natural de Foz do Iguaçu, vai realizar tirolesa na Garganta do Diabo.
Nome se deve às Cataratas
O Parque Nacional do Iguaçu possui 182 mil hectares e 420 quilômetros de extensão, se estendendo por 14 municípios do Oeste do Estado. Ele tem este nome por incluir em sua área parte do Rio Iguaçu e as Cataratas do Iguaçu. A palavra Iguaçu é de origem guarani: significa água (I) grande (guaçu).
A área é um dos maiores remanescentes da Mata Atlântica, da qual restam menos de 10% desde sua formação original na época do Descobrimento. Em seu interior, a floresta possui significativas amostras da fauna e da flora, contendo diversas espécies de animais em perigo de extinção como a onça-pintada, puma, cachorro-do-mato-vinagre, jacaré-do-papo-amarelo, lontra, jacutinga, gavião-de-penacho, papagaio-do-peito-roxo.
A flora também é rica, com inúmeras espécies. Os destaques ficam para peroba, araucária, pau-marfim e jaracatiá, bromélias e orquídeas. As principais ameaças para a sua conservação são a caça, a pesca e o corte de palmito, além do isolamento genético causado pela expansão agrícola.
Ele foi o segundo parque nacional criado no Brasil. O primeiro foi o Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro. As áreas foram criadas com o objetivo de proteger os ambientes naturais. A necessidade de preservação já era sentida em 1876 quando o engenheiro André Rebouças, propôs a Dom Pedro II a criação do parque, protegendo as Cataratas do Iguaçu e também as Sete Quedas, em Guaíra, no Rio Paraná. Em 1916, Santos Dumont visitou a região, ficou impressionado com a beleza das cataratas, manifestando a opinião de que o local não deveria ser propriedade particular. No mesmo ano, o governo do estado declara a área de utilidade pública. Mas só em 1939 o governo federal cria o parque. E em 1986, ele é incluído pela Organização das Nações Unidas na lista de Patrimônios Naturais da Humanidade.