Parasita que causa cegueira é descoberto em Foz do Iguaçu

Pesquisadores do Laboratório Ambiental e do Hospital Veterinário de Itaipu, em Foz do Iguaçu, registraram a primeira ocorrência do parasita Philophthalmus lachrymosus no Brasil. Esse parasita, encontrado na parte interna da pálpebra de duas capivaras do Refúgio Biológico Bela Vista, provocou a cegueira dos dois animais, considerados os maiores roedores do mundo.

O parasita é ainda pouco conhecido no mundo. Nada se sabe sobre seu ciclo de vida. Até hoje, havia registros da presença dele em dois seres humanos e em algumas aves. É a primeira vez que há o relato do parasita em um hospedeiro mamífero não-humano por infecção natural, não provocada em laboratório.

A pesquisa foi elaborada pela farmacêutica e bioquímica Leonilda Correia dos Santos, responsável técnica pelo laboratório, pelo médico veterinário Wanderlei de Moraes, da equipe de fauna do Refúgio, e pelo também veterinário Júlio César Juvenal, da empresa Ecocit, que presta serviços a Itaipu.

Pesquisadores da Fiocruz realizaram a descrição do parasita e do tipo de patologia causado por ele. A descoberta é capa da edição de outubro da revista Memórias, do Instituto Oswaldo Cruz, editada há 92 anos pela Fiocruz, instituição vinculada ao Ministério da Saúde.

Ciclo desconhecido

O ciclo de reprodução do parasita Philophthalmus lachrymosus ainda não é conhecido. Sabe-se que tem início com moluscos e que o parasita elimina sua forma infectante na água, mas ainda não se sabe qual o molusco e nem a forma infectante. A equipe espera que a publicação instigue pesquisadores a levar os estudos à frente.

?Como os animais vieram da vida livre, é preciso encontrar um tratamento que possa ser usado também em ambiente natural?, explica Wanderlei de Moraes. Ele completa: ?Até o momento conseguimos reduzir a carga parasitária, mas não eliminar completamente os parasitas das capivaras em cativeiro. E não temos alternativas para os animais soltos?, lamenta.

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