O secretário estadual de Saúde, Cláudio Murilo Xavier, anunciou ontem durante coletiva à imprensa a criação de 335 novas vagas de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) até março de 2004. Uma parte delas (149) deverá entrar em funcionamento já este mês, segundo previsões da secretaria.
Com o credenciamento de novos leitos junto ao Sistema Único de Saúde (SUS), a expectativa é que o número de mortes que vêm ocorrendo no Estado em decorrência da falta de vagas em UTIs diminua. No domingo, outra pessoa morreu enquanto aguardava uma vaga na região de Londrina: Sebastião Parreira, 82. Desde o início do ano, 39 pessoas morreram em Ponta Grossa e 22 em Londrina com a falta de leitos. A secretaria estadual de Saúde não confirma os números.
Existem hoje no Estado 803 leitos de UTI. O déficit identificado pelo Ministério da Saúde no Paraná, no início do ano, era de 172 leitos. “Há falta de vagas, indiscutivelmente. A gente tem consciência do problema”, admitiu o secretário. “Mas é uma questão que existe há pelo menos dez anos”, ressalvou. As novas vagas representam um incremento de quase 40% no número de leitos de UTI, que devem passar para 1.138.
O secretário esteve na semana passada em Brasília para reivindicar o credenciamento dos leitos junto ao ministro da Saúde, Humberto Costa, que atendeu o pedido. Com o credenciamento, o Ministério da Saúde bancará a manutenção mensal dos leitos – entre R$ 4 mil e R$ 7 mil cada. No próximo dia 19, o ministro estará em Curitiba assinando o protocolo de criação dos novos leitos.
Na primeira etapa, serão criadas 149 vagas, sendo 133 financiadas pelo Ministério da Saúde. Os outros 16 leitos serão custeados pelo governo estadual, caso o governo federal não aceite liberar os recursos. De acordo com o secretário, os 149 leitos já estão montados. Os demais (186) devem ser investigados, para identificar quais estariam prontos para serem credenciados e quais precisariam de investimentos maiores. O valor médio para montar um leito de UTI é R$ 45 mil.
Diante da falta de vagas registrada no Estado, o governador Roberto Requião liberou R$ 2,5 milhões para a compra de equipamentos. Desse montante, cerca de R$ 1 milhão vai para Ponta Grossa, onde serão construídos dez novos leitos no Hospital Bom Jesus e seis no Hospital da Criança. Além disso, Ponta Grossa será o município a receber mais vagas de UTI: estão previstas 22 novas vagas para agosto, além das outras 16 custeados pelo Estado, além das 18 já existentes.
Das 22 regionais de saúde, Ponta Grossa é que apresenta maior déficit de UTIs (-35), segundo a secretaria estadual de Saúde, seguido por Campo Mourão (-24), Paranaguá (-21), Jacarezinho (-21), Paranavaí (-19), Francisco Beltrão (-18) e Cornélio Procópio (-17). Os novos leitos estão em todas as regionais da saúde.