Paraná tem 40 mil doadores de medula

O Paraná é, segundo as últimas estatísticas, feitas no ano passado, o Estado com maior número de pessoas cadastradas no Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea (Redome), instalado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) desde 1993. A diretora e coordenadora do Laboratório de Imunogenética e Histocompatibilidade (LIGH) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Maria da Graça Bicalho, diz que o Paraná possuía o maior número de doadores, aproximadamente 40 mil, de um total de 126 mil pessoas.

Segundo o Inca, 90% do cadastramento acontece no Sul e Sudeste do País. Maria da Graça explica que há um alto número de cadastros no Estado por causa da infra-estrutura laboratorial consolidada, existente antes mesmo da criação do Redome.

Somente cerca de 30% de pacientes que necessitam de transplante de medula óssea no Brasil encontram doadores dentro da própria família. O restante deles precisa procurar doadores compatíveis, mas, segundo o Inca, a chance geralmente é bem pequena: uma em cem mil. Antes do Redome, afirma Maria da Graça, a busca de doadores no exterior era bem maior. Atualmente são 900 pessoas no País inscritas no Registro Brasileiro de Receptores de Medula Óssea, na esperança de encontrar doadores com compatibilidade genética.

Os perfis genéticos dos potenciais doadores cadastrados no Redome são cruzados com os dos pacientes, para que se analise se há compatibilidade. Maria da Graça afirma que quando o sistema indica que perfis são compatíveis, a pessoa que se inscreveu no Redome é chamada para fazer a doação. Segundo o coordenador da Central Estadual de Transplantes do Paraná, Carlos d?Ávila, não sendo encontrado um perfil genético compatível no País, é feita uma busca em sistemas internacionais, nos Estados Unidos e na Europa.

Mas, o diretor do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar), Wilmar Mendonça Guimarães, afirma que o custo para trazer células compatíveis de fora do Brasil, cerca de R$ 230 mil, é muito alto para o Sistema Único de Saúde (SUS). Com o objetivo de chegar a uma auto-suficiência, conforme ele, o Ministério da Saúde pretende atingir 500 mil doadores cadastrados. ?Pois, com esse número, acredita-se que seriam encontrados perfis compatíveis com o dos pacientes?, diz Guimarães. Maria da Graça explica que em países menos miscigenados que o Brasil, ou seja, com uma população mais homogênea, é preciso de um número menor de doadores, aproximadamente 300 mil.

Para se cadastrar no Redome, tornando-se um potencial doador, é preciso retirar 10ml de sangue em um dos locais de coleta (ver quadro). Todos aqueles que estão em boas condições de saúde e possuem entre 18 e 55 anos podem ser doadores. Maria da Graça explica que o sangue coletado é submetido ao exame HLA – o exame de laboratório para identificar sua identidade genética – para em seguida ser catalogado no Redome.

O transplante de medula óssea é a única esperança de cura para muitos portadores de leucemias e algumas outras doenças do sangue. Maria da Graça esclarece que não é feita nenhuma punção na coluna vertebral. As células para transplante são retiradas da bacia do doador, não deixando seqüelas e com riscos desprezíveis para a saúde da pessoa. 

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