Paraná sem dados precisos sobre acidentes no trabalho

O comitê estadual de Investigação de óbitos e amputações relacionados ao trabalho no Paraná, coordenado pelo Ministério Público do Estado, completa dez anos em dezembro próximo com uma constatação: falta levantamento preciso dos acidentes e óbitos relacionados ao trabalho no Paraná, e investimento na prevenção dos mesmos por parte do governo. Com isso, quem fica em desvantagem é o trabalhador, que está cada vez mais sujeito a graves acidentes e poucas providências.

O assunto foi discutido ontem, em um seminário realizado pelo órgão em Curitiba sob o tema Interinstitucionalidade: caminho necessário. O motivo da discussão, explica a assistente social do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Defesa da Saúde do Trabalhador e coordenadora técnica do comitê, Rosele Sonda, é a necessidade de unir os órgãos envolvidos, incluindo aí governos e sindicatos, para uma abordagem mais precisa dos dados envolvendo mortes e acidentes em virtude do trabalho.

Segundo Roselene, ainda que defasados e pouco condizentes com a realidade por conta da falta de investimento nesse tipo de abordagem, os números apontam uma realidade nada animadora. Entre 1996 e 2005, 3.234 ocorrências foram registradas no Paraná (exceto em Curitiba), sendo 1.106 óbitos, 1.189 amputações, 634 óbitos por acidentes de trajeto e 137 outros acidentes, como esmagamentos, por exemplo. Apenas em Curitiba, entre 1998 e 2005, foram 1.760 ocorrências, com 684 óbitos, 365 amputações, 89 acidentes de trajeto e 622 referentes a outros acidentes.

?O que se percebe é cada vez mais o descaso das empresas em relação à saúde de seus trabalhadores?, constata. As mortes, em sua maior parte, estão relacionadas a quedas de nível onde se encaixa o setor de construção civil.

O integrante do Fórum Popular de Saúde e representante sindical, Marcos Pereira, destaca que, segundo dados do INSS, o Paraná é o terceiro estado brasileiro em óbitos relacionados ao trabalho, com quase 39 mil ocorrências de acidentes graves registradas anualmente, número bem superior ao apurado pelo comitê com base no que é fornecido pelo governo. ?O que a gente cobra é que as instituições públicas se organizem para agir sobre isso e que o SUS, em especial a Secretaria de Estado da Saúde, assumam o papel de coordenação dessas ações?. A Sesa foi procurada para comentar o assunto, mas não houve posicionamento.

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