Paraná pode reduzir produção de soro contra aranha-marrom

"Obras inacabadas no pavilhão de produção do Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos do Paraná (CPPI) – localizado em Piraquara – podem, no futuro, prejudicar o fornecimento de soro antiloxoscélico (contra picada de aranha-marrom) ao Ministério da Saúde." A constatação é do farmacêutico industrial do centro e responsável pela produção do soro, Rogério Ferronato Giordani, que acredita que o governo do Estado deveria priorizar a questão, dando continuidade às obras.

"O espaço que temos para produção do soro não atende às exigências da Resolução 210, da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que começou a valer em 2003. Se técnicos da entidade visitassem o CPPI, poderiam até fechá-lo", afirma.

Segundo Rogério, o CPPI é o único do País a produzir o soro contra a picada de aranha-marrom. No ano de 2001, foi elaborado um projeto de reforma do Centro. Em 2002, o projeto foi aprovado. No ano seguinte, foi realizada uma licitação para contratação de empresa para realizar as obras. Em 2004, depois de os trabalhos terem sido iniciados, a empresa contratada foi desqualificada e os serviços pararam. "Foi constatado que a empresa que ganhou o processo licitatório não era qualificada para realizar a reforma. Ela havia feito um orçamento bem abaixo do esperado e não respeitava algumas questões trabalhistas, prejudicando seus funcionários", conta. "O problema é que as obras que foram iniciadas não foram concluídas até hoje. É preciso que seja dada atenção especial a isso, pois logo poderemos perder parte do soro produzido devido às inadequações."

O farmacêutico deixa claro que não há riscos para a população, pois antes de ser disponibilizado, o soro passa por rigorosos processos de qualidade. O que pode ocorrer é o CPPI deixar de fornecer os quatro mil lotes anuais de soro ao Ministério da Saúde, fornecendo quantidades menores. "Para realizarmos um trabalho mais eficiente, precisamos do pavilhão de produção pronto. No local, as portas foram retiradas, as bancadas arrancadas, algumas paredes quebradas e a rede elétrica danificada."

Diretoria

O diretor geral do CPPI, Rubens Luiz Ferreira Gusso, garante que, ao contrário do que diz Rogério, a produção de soro não será afetada e a demanda do Ministério da Saúde não deixará de ser atendida. Enquanto as obras no pavilhão de produção não forem concluídas, o soro será produzido em outro pavilhão que se mantém totalmente equipado.

"As obras foram contempladas no orçamento de 2005 do governo do Estado e a expectativa é de que a reforma seja retomada e concluída ainda este ano", declara. "A questão está sendo priorizada e a população não será prejudicada, sendo que o fornecimento não será afetado. Estamos com consultores trabalhando para atender às exigências de boas práticas de produção e, nos últimos anos, investimos cerca de R$ 600 mil na compra de equipamentos."

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