Paraná leva experiência educativa à Angola

O Paraná apresenta hoje, em Angola, sua política de educação inclusiva, desenvolvida para facilitar a integração de alunos com necessidades especiais no ensino regular, ampliando as oportunidades de aprendizado e convivência na escola.

A chefe do Departamento de Educação Especial da Secretaria Estadual da Educação, Maria Teresinha Ritzmann, vai falar sobre os detalhes da experiência paranaense durante a 6.ª Jornada Técnico-Científica promovida pela Fundação Eduardo dos Santos (FESA) em Luanda, capital de Angola. O evento faz parte das comemorações do sexto aniversário da instituição e do 60.º aniversário do seu patrono, o engenheiro e presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos. A jornada, iniciada na terça-feira, encerra-se no dia 31, com a participação de representantes de países como França, Espanha, Moçambique, África do Sul e Brasil.

“Esperamos poder contribuir para a discussão mais aprofundada de ações de combate à pobreza, problema que afeta 68% da população de Angola”, afirma a secretária da Educação do Paraná, Alcyone Saliba. A educação é um dos fatores principais para a melhoria da vida da população, ressalta Alcyone. “No Paraná, 99% das crianças com idade entre 7 e 14 anos estão na escola, graças ao trabalho bem sucedido na área da educação.”

Perfil

Angola é um país situado na costa ocidental da África, cuja língua oficial é o português. Somente em 11 de novembro de 1975 conquistou a independência político-econômica. Até então, era uma colônia portuguesa. O país divide-se em 18 províncias e tem uma população estimada em 11 milhões de habitantes, de acordo com o censo de 1995. Desse total, 32% da população vive em áreas urbanas e 53% é economicamente ativa.

Mais de 75% da população adulta angolana é analfabeta, de acordo com o vice-ministro da Educação e Cultura de Angola, Fragata de Morais. Segundo ele, o combate ao analfabetismo e o aumento do nível de escolarização da população são fatores que contribuem para a redução da pobreza naquele país. “A educação permite o acesso à informação e à formação do indivíduo em diversos aspectos e fornece-lhe mecanismos para a sua inserção sócio-produtiva na sociedade”, afirma. O governo angolano está trabalhando na estruturação de um sistema educacional que inclui ações voltadas ao melhor atendimento dos alunos portadores de necessidades especiais. A política adotada no Paraná poderá trazer contribuições para o país nessa área.

Capital acolhe alunos cegos

A troca de experiências em educação inclusiva entre o Paraná e Angola já vem ocorrendo há algum tempo. Desde o início do ano, 11 alunos cegos angolanos freqüentam o Colégio Estadual Dezenove de Dezembro, de Curitiba. Além deles, a escola ainda atende mais três cegos, dois surdos e oito alunos com distúrbios de aprendizagem. Todos participam de turmas regulares no turno da manhã e à tarde são atendidos por professores especializados.

Segundo a diretora da escola, Eliana Denise Klein, a experiência com educação inclusiva tem sido bastante positiva, tanto para os alunos como para os professores. “Nós estamos aprendendo muito. A experiência mexeu com a escola em todos os aspectos. Tivemos que estudar mais, ler mais, dedicar-nos mais, mas tem sido bastante recompensador”, afirma.

O Dezenove de Dezembro é uma das 70 escolas públicas que integram a fase inicial do projeto de Educação Inclusiva implantado no Paraná no mês de abril. A meta é estender o programa a pelo menos um estabelecimento por município até 2004.

Em todo o Paraná, há cerca de 50 mil alunos portadores de deficiências na rede estadual de educação básica. A maioria deles – 35 mil – é atendida através de convênios com instituições especializadas e o outros 15 mil estão inseridos em classes regulares nas escolas da rede.

A capacitação de professores para atender estes alunos também vem sendo executada pela Secretaria da Educação. Só no ano passado, 4.000 profissionais do ensino especial da rede pública receberam aperfeiçoamento. A previsão, para 2002, é que mais 1.200 professores sejam capacitados.

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