Paraná fica em quarto lugar no Ideb

O rendimento de um aluno na escola não passa apenas pelo o que é ensinado dentro da sala de aula. Conteúdo, professores capacitados, estrutura física e um programa pedagógico adequado são essenciais para a formação de um estudante. Mas a cultura da região onde está inserida a escola, o contexto econômico-social, o acompanhamento dos pais e a valorização da educação como meio de ascensão na vida também são fatores intimamente ligados ao rendimento escolar.

Exemplos desta equação apareceram nos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), aplicado pela Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inpe), ligado ao Ministério da Educação. O Paraná ficou na quarta colocação entre os estados brasileiros, no resultado geral. No entanto, ainda existe uma diferença grande entre o desempenho das escolas. Entre os motivos estão justamente aspectos internos e externos do ambiente escolar, que criam um ambiente sensível e sem qualquer base exata para a inserção da educação. “Quando o Ideb está baixo, existem problemas dentro da escola, mas também fora. Em alguns lugares a escola não é vista como um bem cultural”, afirma a secretária de Estado da Educação, Yvelise Arco-Verde.

É isto o que acontece em locais onde os órgãos educacionais precisam chamar as crianças e adolescentes para estudar. Em outros, a construção das escolas ocorre pela demanda da própria população. A questão cultural e a consciência da importância da educação estão ligadas às regiões onde estão as escolas. Estabelecimentos em bolsões de pobreza e em zonas rurais podem aparecer entre as piores escolas. “A condição econômica de uma região tem uma interferência direta na aprendizagem”, esclarece a professora Marlei Fernandes, do Sindicato dos Trabalhadores do Estado do Paraná (APP-Sindicato).

Entretanto, nem todas as escolas nestas condições possuem os piores desempenhos no Ideb. Um exemplo disto é a Escola Municipal Isaltino J. Schoffen, em Serranópolis do Iguaçu, município de aproximadamente 4,5 mil habitantes na região oeste do Paraná. A escola tirou nota de 7,6 e é a terceira do Estado entre 1.ª e 4.ª séries do Ensino Fundamental. Detalhe: a escola tem apenas duas salas para atender todos os alunos.

Por isto, o apoio e valorização da família e da comunidade deixam o aluno mais preparado para enfrentar o desafio da aprendizagem. “As condições da comunidade, as experiências, o tipo de projeto de vida podem fazer com que o significado da escola mude. A capacidade de dialogar com o que a escola oferece fica comprometido”, comenta Ana Maria Eyng, professora e pesquisadora do Programa de Mestrado e Doutorado em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

A estrutura, arquitetura e espaços pedagógicos são importantes, mas precisam ser usados corretamente. “Não basta tem laboratório, biblioteca, se isto não é devidamente utilizado. Infelizmente ainda existem práticas lamentáveis, como mandar o aluno à biblioteca como castigo ou ‘premiar’ o aluno e deixá-lo usar o laboratório de informática. Não podemos generalizar, mas ainda acontece”, relata Eyng.

Seed foca na superação por parte das escolas

As 128 escolas da rede estadual de ensino que tiveram notas baixas na última avaliação do Ideb, em 2007, foram alvo de um levantamento da Secretaria de Estado da Educação (Seed). Elas passaram a receber atendimento prioritário e acompanhamento próximo, dentro de um projeto chamado Programa de Superação. “Acredito que 80% das escolas reverteram seus quadros no Ideb divulgado neste ano”, ressalta a secretária Yvelise Arco-Verde.

Ela revela que ainda há casos persistentes, como o da Escola Estad,ual Manoel Ribas, que fica próxima da Vila das Torres, uma das regiões mais carentes de Curitiba. A escola tirou 3,1 e ficou entre as piores do Paraná nos primeiros anos do Ensino Fundamental. “Nos casos que ainda há problemas, nós já entramos com algumas medidas. Na escola Manoel Ribas, estamos implantando o ensino integral, dada a situação da comunidade. É a primeira escola integral da rede e já está em reformas”, explica Arco-Verde.

A secretária acredita que o ensino integral amplia a formação de cidadania dos alunos porque traz bens que favorecem o processo de escolarização e a permanência dentro da escola. “O ensino integral não tem uma ligação direta com o Ideb. Não dá para dizer que toda nota alta vem de escola integral. O sistema traz benefícios que não necessariamente revertem no Ideb”, pondera.

A somatória da valorização pessoal, da formação integral do estudante, da busca de valores e da disciplina torna o aluno mais maduro em todos os campos. Esta é a análise do coronel Luiz Quintino Martins de Figueiredo, comandante do Colégio Militar de Curitiba. A escola teve a maior nota do Estado entre a 5.ª e 8.ª séries do Ensino Fundamental e baseia-se nestes pilares. “Isto gera mais facilidades na hora de aprender”, declara. (JC)

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