Pára-raios de Curitiba estão inadequados

O Brasil é campeão mundial em descargas atmosféricas, registrando em média 100 mortes anuais causadas por raios. E Curitiba, pelo índice isoceraunico, que calcula o número de tempestades, estaria entre as 10 cidades com maior ocorrência de raios. A capital paranaense registra cerca de 70 tempestades por ano, ou seja, quase um terço do ano. "O número dobrou nos últimos cinco anos, como em todo o país, em função do El Niño, desmatamento, agressão ambiental e alteração climática", explica o engenheiro eletricista e especialista em descargas atmosféricas Rui Carlos Braga.

Segundo o coordenador da Comissão de Segurança e Edificações (Cosedi), Hermes Peyerl, o aumento da concentração humana e mitos em torno da segurança contra descargas também ajudam as estatísticas. "A idéia de que qualquer coisa atrai raios não é verdadeira. Por isso, apenas um pedaço de metal apontado para cima no topo dos prédios é ineficiente", afirma. Por isso o Cosedi está intensificando o trabalho de orientação e divulgação de informações sobre os novos Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA).

Para Braga, os problemas não estão apenas na falta de sistemas, mas no uso de pára-raios inadequados ou incompletos. "Em Curitiba, mais de 90% dos pára-raios estão incompletos ou inoperantes, ou seja, são ineficientes como sistemas de proteção. E cerca de 30% destes são sistemas radioativos, nocivos à saúde." Os SPDA precisam de um bom sistema de descida das descargas e aterramento.

Um sistema completo, explica Braga, custa aproximadamente 1% do valor da obra. Caso opte também por instalar supressores de surtos (sistemas que protegem os eletroeletrônicos), cada um custa em torno de 3% do valor do equipamento a ser protegido. "O País gasta cerca de US$ 4 milhões anuais com prejuízos causados por descargas atmosféricas", revela.

A Cosedi está fazendo fiscalizações em clubes, áreas de lazer, campos de futebol e canchas. Estima-se que 70% desses locais não têm SPDA corretamente instalados. "Estamos alertando e notificando quem não está dentro das normas", diz Peyerl.

Voltar ao topo