Aperto diário

Para quem trabalha no tubo ou em táxis, ida ao banheiro é um martírio

Algumas atividades dificultam a ida ao banheiro. Um cobrador de ônibus, que trabalha na Praça Carlos Gomes, conta que tem sorte. “Esta estação é tranquila. Temos ao lado um banheiro administrado pelas empresas. Quando a situação aperta, nos revezamos”, explica Anderson Rodrigo.

Pra categoria, o direito de ir ao banheiro virou reivindicação trabalhista. “É um transtorno enfrentar seis horas sentado todos os dias sem poder se aliviar”, diz o vice-presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores (Sindimoc), Dino de Mattos. Algumas empresas contornam o problema com um funcionário responsável por fazer rodízio com os cobradores. “Mas isto é uma solução paliativa”, diz Dino.

Os cobradores e motoristas de ônibus estão entre os servidores que podem usar todos os banheiros públicos de graça. Também é o caso de policiais, funcionários da Cavo, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, fiscais da Urbs, agentes da Setran, carteiros e motoristas de táxi, desde que estejam identificados e em horário de serviço.
Pros taxistas, a bronca fica por conta das multas aplicadas pela Urbs aos taxis que são flagrados nos pontos sem motorista. Pra camelôs e funcionários de bancas de revistas, a solução são os banheiros de estabelecimentos de amigos.

Povo pede fraldários

De acordo com os funcionários que trabalham na manutenção dos sanitários, uma das demandas dos usuários são os fraldários. “Muitas mães procuram os banheiros pensando que pode haver esse espaço, mas elas acabam se virando no banheiro mesmo. Com certeza se houvesse um cantinho pra elas trocarem os filhos seria muito utilizado”, conta a funcionária, que não quis se identificar.

Longe do centro a realidade é diferente. Pra frequentadores dos parques e bosques da cidade, os banheiros são gratuitos, com poucas exceções, como no caso do Parque Barigui. “Os sanitários, na maior parte do tempo, estão limpos. Mas é questão de cultura, pois eu puxo a descarga, mas depois tem alguém que não vai fazer o mesmo. Outro problema é que por mais que fique limpo, têm vândalos e molecada que depreda e picha tudo, mesmo ao lado do posto da Guarda Municipal”, diz o aposentado Jair Gabriel da Silva, que aproveita as tardes pra caminhar de sua casa, no Juvevê, até o Parque São Lourenço.

Pelo mundo

Em Paris, cidade pioneira na disciplina do urbanismo, o cidadão encontra uma média de 400 banheiros públicos, administrados pela própria prefeitura. Eles são gratuitos, estão espalhados por toda a cidade e, apesar da grande demanda – alguns recebem até 200 visitas por dia -, possuem a fama de ser muito limpos.
A prefeitura do Rio de Janeiro instalou, há dois anos, banheiros pela cidade. A iniciativa, no caso do Rio, visava a reduzir o número de “mijões” em praça pública no período do carnaval. O modelo adotado pelos cariocas lembra os antigos sanitários parisienses, em que os pés do usuário ficam à mostra.