Para astrônomo, idéias de Júlio Verne continuam atuais

As obras do escritor francês Júlio Verne, cuja morte completa 100 anos em 2005, influenciam a comunidade científica até os dias de hoje. Autor de mais de 70 livros, entre eles o romance clássico Vinte Mil Léguas Submarinas, Verne contribuiu para o desenvolvimento da ficção científica e da formação de profissionais que realizaram grandes obras para a humanidade. Um exemplo é o do alemão Wernher von Braun, criador dos foguetes e que dirigiu os primeiros lançamentos desses aparelhos e de satélites norte-americanos. Esse foi o tema da palestra de ontem, de Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, astrônomo, físico e diretor do Observatório Nacional do Rio de Janeiro, uma das pessoas mais conceituadas nessas áreas no País, durante o 32.º Congresso Brasileiro de Ufologia Científica, em Curitiba.

Nascido em 1828, Júlio Verne escreveu seus livros durante suas mudanças de cidades pela França, e viagens pelo mundo com seus barcos. Em 1869, com a carreira de escritor estabilizada, Verne viu no mar uma de suas paixões e criou um dos maiores romances da história, Vinte Mil Léguas Submarinas, cujo personagem principal é o Capitão Nemo.

Mourão explicou que a Astronomia foi o principal tema de diversas obras de Verne, como o livro Da Terra à Lua. ?Em quase todos os romances encontramos alguma referência à Astronomia, como Aventuras de Três Russos e Três Ingleses, de 1872, que conta a história de seis astronautas?, afirmou.

Durante sua carreira, Verne chegou a ?prever? diversos acontecimentos, posteriormente comprovados, tanto em seus livros quanto em suas declarações. Ele faz referências às bombas nucleares, tanques de guerra, conquista da Lua (inclusive localizando o ponto de lançamento de foguetes na Flórida, Estados Unidos), computador, internet, cerca elétrica e o nazismo. Mourão, em sua palestra, citou que o leitor das obras de Verne pode ficar preso, em um primeiro momento, às aventuras descritas nos livros, mas depois percebe esses pontos com mais clareza. ?A gente é que descobre essas idéias?, avaliou.

Para Mourão, as idéias de Verne continuam atuais, apesar de terem sido concebidas no século XIX. O seu principal personagem, Capitão Nemo, demostra um pouco disso por ser um terrorista pacifista que luta para destruir todas as armas e acaba com as suas próprias invenções, porque acreditava que o governo não poderia fazer bom uso delas. ?Essa previsão é um pouco do que acontece hoje?, opina.

Outra passagem que Mourão relata é uma entrevista de Verne após uma viagem aos Estados Unidos. ?O escritor disse que admirava muito o povo americano, mas tinha receio de que a arrogância não permitisse que o país tivesse um grande futuro. Falou que os Estados Unidos iriam exercer influência com o seu poder, mas que perderiam isso justamente por causa da arrogância?, esclarece. Ronaldo Rogério de Freitas Mourão é colaborador da seção O Estado Ciência, publicada aos domingos em O Estado

Voltar ao topo