Paixão de Cristo emociona público na Pedreira

Um público de aproximadamente 20 mil pessoas esteve ontem na Pedreira Paulo Leminski para assistir ao tradicional espetáculo Vida, Paixão e Morte de Jesus Cristo, apresentado pelo grupo Lanteri há 28 anos, 15 dos quais na Pedreira. "Este ano, entre elenco e produção, estiveram envolvidas 1,2 mil pessoas que trataram de preparar uma encenação mais hollywoodiana", compara o diretor de produção Júlio César Miranda do Rosário. As novidades foram mudanças dos palcos secundários, montados na área da Pedreira, a iluminação que deu um ar mais cinematográfico à peça, e a maior visibilidade de personagens deficientes.

As duas horas de duração da Paixão de Cristo contaram com oito palcos – o principal, fixo do local, unidos por passarelas, onde foram sendo apresentadas as 37 cenas do espetáculo. "As mudanças que fizemos, na disposição dos palcos e na iluminação, tiveram o intuito de dar melhor visibilidade ao público", diz Rosário. Segundo o diretor, até o ano passado a disposição das cenas causava pequenos tumultos no público que se movimentava muito para acompanhar a história, deixando algumas áreas que podiam ser aproveitadas sem ninguém. Já a maior participação de personagens deficientes se deveu ao tema da Campanha da Fraternidade da Igreja Católica.

Esse foi o segundo ano que o ator César Kuzma interpretou Jesus. Até 2004, o papel era do diretor da peça, Aparecido Isabel Massi, que começou a fazê-lo desde a primeira montagem, em 1978. Dessa vez Massi fez apenas uma cena como o Messias.

Produção

Rosário explica que a produção da montagem da Paixão de Cristo começou em novembro do ano passado. "A montagem dos cenários começa depois do Ano Novo e os ensaios começam logo após o Carnaval", diz. Quanto a dirigir cerca de 800 pessoas, o diretor diz que tudo é natural, pois os produtores e diretores são os mesmos desde a primeira montagem. "Dividimos essas pessoas todas em grupos menores, de aproximadamente 40 componentes".

No Lanteri, exceto o ator que interpreta Jesus, os atores são mudados anualmente. "Às vezes abrimos uma exceção e algum ator faz o mesmo papel duas vezes", revela Massi. Mas principalmente as mulheres, que são aproximadamente 70% dos integrantes do grupo, fazem a alternância. "Damos chances para todos". Já Massi acrescenta que mesmo em se tratando de uma peça sobre Cristo, às vezes precisa administrar egos. "Por isso todo mundo aqui deve dar uma de Jesus e se colocar na mesma posição de seus semelhantes, não interessa o papel. Assim, ficam sabendo como o trabalho de todos é difícil."

Procissão reúne milhares em Curitiba

Gisele Rech

A Procissão do Senhor Morto, tradicional caminhada dos fiéis católicos na Sexta-feira Santa, reuniu milhares de pessoas ontem, em Curitiba. A novidade este ano foi a união do Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, da Paróquia de Nossa Senhora do Guadalupe e da Catedral Basílica de Curitiba. Os fiéis da igreja do Alto da Glória partiram em direção à Igreja do Guadalupe e o grupo seguiu para a Catedral, para onde foram outros fiéis das igrejas da região central. Lá aconteceu o encerramento da procissão, sob o comando do padre Pedro.

Segundo o padre Dirson Gonçalves, reitor do Perpétuo Socorro, a intenção da procissão é em prol da esperança do renascimento de Jesus Cristo. "Nós percorremos a procissão na Sexta-feira Santa com a certeza da ressurreição no domingo de Páscoa. É a simbologia da esperança e da certeza de que depois da tempestade, sempre vem a bonança", disse o padre.

Antes do início da caminhada, os fiéis receberam bandeirinhas roxas, cor usada nas celebrações no período da quaresma, significando um período de reflexão e vigília. Em cima de um trio elétrico, missionários redentoristas do Santuário do Perpétuo Socorro comandaram a procissão, com palavras de fé e cânticos. No caminho até a catedral, foram realizadas quatro paradas de pregação, que contou com pequenos altares montados. A primeira aconteceu no Hospital Oswaldo Cruz, com preces aos enfermos. Na Praça do Expedicionário, as orações foram à família. Na Marechal Deodoro, próximo aos Correios, aconteceram as preces relativas à Campanha da Fraternidade, que prega a solidariedade com os deficientes. No Guadalupe, quando os fiéis se encontraram, a pregação foi em prol da paz.

A demonstração da fé católica foi marcada por muita emoção e a adesão maciça dos fiéis, que parou algumas ruas do Alto da Glória e do centro da cidade por alguns minutos. Hoje os eventos referentes à Páscoa continuam, com a Vigília Pascal e a Missa de Aleluia, às 20h, na Catedral Basílica, sob a presidência do arcebispo metropolitano de Curitiba, dom Moacyr José Vitti.

Trabalho comunitário na Semana Santa

Joyce Carvalho

A comunidade da Paróquia Nossa Senhora da Paz, no bairro Boqueirão, em Curitiba, aguarda o ano todo pela presença dos alunos e ex-alunos do Colégio Medianeira, que realizam o projeto Missão Semana Santa. Consiste em um estágio social, no qual os participantes dormem quatro dias nas casas de famílias que moram na região, e desenvolvem atividades comunitárias, além da vivência religiosa sobre a morte e ressurreição de Jesus.

Isabel Cristina Piccinelli Dissenha, professora de Ensino Religioso, conta que o objetivo da missão é fazer com que os jovens realmente saibam o verdadeiro sentido da Semana Santa. A experiência se torna uma vivência diferente, que é levada para toda a vida. Neste ano, 29 pessoas estão participando da Missão Semana Santa na Paróquia Nossa Senhora da Paz. "A comunidade espera por isso o ano todo e nos acolhe muito bem. Neste período, fazemos trabalhos na comunidade como higiene bucal, serviços de saúde e visita aos idosos e enfermos. Os jovens mostram que têm capacidade e que querem um mundo melhor, tentando ser instrumentos de paz", afirma.

Os missionários ainda ajudaram nos ensaios e na apresentação da Via Sacra, organizada pelo grupo de jovens da paróquia. A montagem aconteceu ontem à noite. Hoje, em um almoço, haverá um encontro entre as famílias dos jovens e as pessoas da comunidade que os "adotaram" durante estes dias. No período em que ficam trabalhando na região, os jovens também participam e ajudam nas atividades da paróquia. As ex-alunas do colégio, Camila Nogueira Pereira e Mariana Hruschka Zeni, continuam participando das atividades da Semana Santa mesmo depois de terem entrado na universidade. "Às vezes, as pessoas não param para pensar sobre o real significado da Páscoa. Um dos maiores objetivos do projeto é mostrar a realidade e o significado dos serviços", conta Mariana. "A gente realmente aprende muito", comenta Camila.

Igrejas lotadas de fiéis em  todo o Paraná

Cintia Végas

Refletir sobre a morte de Jesus Cristo. Esse era o objetivo principal de fiéis que, durante todo o dia de ontem, compareceram às igrejas do Paraná para participar dos atos de Adoração ao Santíssimo. Em Curitiba, estavam entre os locais mais procurados a Catedral Metropolitana, no centro, e o Santuário do Perpétuo Socorro, no Alto da Glória.

Na Catedral, cumprindo a tradição das Sextas-feiras Santas, o arcebisto Dom Moacyr José Vitti estava à disposição para ouvir confissões. Além disso, grupos de pessoas se reuniam para rezar o terço, pedir bênçãos e agradecer por coisas já recebidas. Entre elas, estava a dona de casa Emília Braz. "Muita gente esquece de celebrar a Sexta-feira Santa, mas eu, nesta data, sempre venho à Igreja", afirmou.

Segundo o pároco da Catedral, Pedro Vilson Alves de Souza Filho, a Sexta-feira Santa é o único dia do ano em que nenhuma Igreja do mundo celebra missa e que a Eucaristia não é consagrada. No Santuário do Perpétuo Socorro, as imagens normalmente presentes no altar foram retiradas e guardadas antes do início da chegada dos fiéis, que começou a ocorrer às sete horas da manhã. A ausência das imagens também indicava que o dia era de reflexão. No local destinado às confissões, a fila de pessoas era grande. Seis padres se encontravam à disposição. "O número de confissões foi grande durante toda a semana", revelou o padre responsável pelo santuário, Dirson Gonçalves. 

Voltar ao topo