Operação na fronteira gera revolta de sacoleiros

A Delegacia da Receita Federal (RF) de Foz do Iguaçu apreendeu, na madrugada de ontem, 16 ônibus de sacoleiros carregados com contrabando. Com a operação, chega a 50 o número de veículos detidos nos últimos 10 dias na cidade. Segundo o supervisor geral de operações da Receita, Gilberto Buss, as apreensões se devem ao aumento da movimentação em Ciudad del Este, que em fevereiro ficou vazia devido à Operação Cataratas II. ?Percebendo que a rede de contrabando estava se reabastecendo, iniciamos estratégias para coibir a prática?, afirma o supervisor.

A operação de ontem teve início na manhã de quarta-feira com o cadastro dos ônibus de turismo e passageiros que se dirigiam à Foz do Iguaçu. ?Por volta das 22h, um comboio de aproximadamente 50 ônibus, que passou pela barreira após o encerramento do cadastro, e estava voltando em direção a São Paulo, foi parado no posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na BR 277?, conta Buss. Dois deles tentaram furar o bloqueio e foram impedidos por disparos dos policiais rodoviários. Um dos veículos teve os pneus furados e uma janela lateral perfurada. Uma ocupante sofreu ferimentos no rosto provocados por estilhaços. Cinco veículos foram detidos.

Percebendo a ação, alguns ônibus retornaram à Foz, mas foram retidos pela RF num posto de combustíveis durante a madrugada. Mais oito ônibus foram apreendidos. Por volta das 6h, os veículos restantes tentaram mais uma vez sair da cidade e três acabaram presos no posto da PRF.

Mas o tumulto continuou. Por volta das 10h, enquanto os veículos apreendidos eram conduzidos para o pátio da PF, alguns sacoleiros tentaram impedir a saída dos ônibus. A PM precisou agir para impedir que eles saqueassem os ônibus apreendidos durante operação noturna. Um bagageiro chegou a ser aberto e centenas de brinquedos ficaram espalhados em frente à Delegacia da Receita. Segundo Buss, os sacoleiros queriam saber o destino da mercadoria e como iriam retornar. A maioria era de São Paulo e de Brasília. A Receita explica, porém, que os veículos e as mercadorias serão retidos permanentemente e os proprietários das empresas de transporte poderão ser indiciados.

Reunião

Estava marcada para ontem à noite, em Assunção, Paraguai, uma reunião entre representantes dos governos brasileiro e paraguaio para tentar resolver o impasse criado na fronteira. Além das tensões criadas com a operação da RF para combater o contrabando e os problemas sociais da região, desde terça-feira os brasileiros que trabalham em Ciudad del Este que não moram na cidade estão sendo expulsos do país. O governo paraguaio ainda quer que o Brasil eleve a cota de importação de U$ 150 para U$ 500.

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