Olho seco atinge até 15% da população

O olho seco é uma doença que atinge entre 10% e 15% da população mundial e 30% das pessoas com mais de 60 anos. Mas por ser de diagnóstico difícil, muita gente sofre antes de conseguir tratamento adequado e alguns chegam a perder a visão. Ontem, a Associação dos Portadores de Olhos Secos (Apos), de São Paulo, realizou uma palestra em Curitiba para conscientizar médicos e pacientes.

O olho seco é uma doença crônica – são raros os casos de cura – caracterizada pela diminuição da produção da lágrima ou da deficiência em alguns componentes, ou seja, pouca quantidade e má qualidade da lágrima. São vários os sintomas que os pacientes podem apresentar, como ardor, queimação irritação, olhos vermelhos, fotofobia, visão borrada que melhora ao piscar, lacrimejamento excessivo e desconforto após ver televisão por muito tempo, ler ou usar computador por horas e permanecer em locais com baixa umidade.

Segundo o oftalmologista do Hospital de Olhos do Paraná, Daniel Wasilewski, o diagnóstico é difícil porque os sintomas não são definitivos e podem ser confundidos com outras doenças. Até que ela seja descoberta, o paciente já passou por muito desconforto ou o problema evolui tanto que causa a cegueira. De acordo com Daniel, também não existe ainda muita informação entre a comunidade médica. A doença começou a ser discutida há apenas 15 anos, o que é pouco em termos de medicina, diz o especialista. A patologia só pode ser detectada através de exames específicos.

Cerca de 90% dos casos de olhos secos são considerados leves e 10% graves. As mulheres entre 50 e 60 anos fazem parte de um dos grupos mais acometidos pela doença. Mas o problema também pode atacar pessoas que trabalham em salas climatizadas ou em frente ao computador. Há uma excessiva evaporação da lágrima e as pessoas chegam a piscar 50% menos do que deveriam para manter o olho lubrificado. Doenças reumatológicas também podem desencadear a doença.

O marido de Gilda Campana, presidente executiva da Apos, sofreu por muito tempo sem ter o diagnóstico correto e acabou ficando cego. Sem muitas informações sobre a doença, ela resolveu criar uma associação para ajudar outras pessoas. Encontrou o médico José Álvaro Pereira Gomes, que já cultivava a idéia, e juntos fundaram a entidade em São Paulo. Hoje estão levando informação para outros estados, onde estão fundando ramificações da Apos.

Segundo Gilda, a entidade também vem trabalhando para que os pacientes tenham mais acesso aos medicamentos. Nem todos os municípios fazem a distribuição gratuita. As pessoas que têm os casos mais graves da doença gastam mais de R$ 200 por mês. Eloá Rocha Cordeiro sabe bem o que é isso. Conta que sofre com o problema há 10 anos e as despesas com remédios são muitas. O colírio é usado várias vezes por dia. Sem contar o sofrimento diário. Ela tem dificuldade para andar na rua e dentro de casa. De madrugada precisa acordar para fazer exercícios e mexer as pálpebras que ficam paralisadas devido ao ressecamento. ?Estou aqui na palestra em busca de qualidade de vida. Mesmo com os remédios a minha vida é muito difícil. Quero uma solução para o problema?, revela. A associação também vem elaborando um kit para distribuir entre os médicos com orientações e o material para a realização dos testes. 

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