Número de acidentes no trabalho deve ser maior

Mais de 24 mil trabalhadores se envolveram em acidentes de trabalho, em 2000, no Paraná. No ano passado, os números de óbitos e amputações ultrapassaram seiscentos casos. Essas estatísticas, porém, devem ser maiores, já que muitas empresas deixam de registrar as ocorrências. Além disso, os trabalhadores que estão na informalidade somam quase 50% do total de empregados com carteira assinada.

Mudar esse quadro, reduzindo as ocorrências relacionadas ao exercício profissional, é o que pretende a Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção, que em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde, deverá implementar medidas de prevenção a acidentes. Um termo de ação conjunta entre as duas secretarias será elaborado, para que medidas unificadas sejam desenvolvidas pelas regionais do Trabalho e Saúde em todo o Paraná.

Os itens desse termo estão sendo discutidos durante o seminário estadual Educação e Prevenção: um Caminho para as Questões do Trabalhador, que começou ontem e termina hoje no auditório do Cefet, em Curitiba. De acordo com a médica do trabalho e coordenadora do Departamento de Saúde da secretaria, Cristina Ribeiro de Araújo, um grupo de trabalho será constituído, para que nos próximos sessenta dias sejam definidas medidas concretas de atuação. “É importante ressaltar a união de esforços das duas secretarias, que possibilitarão melhores resultados”, disse.

Temas

Segundo dados da Secretaria da Saúde, os estabelecimentos hospitalares e o setor de metalurgia foram os ramos de atividade que mais apresentaram acidentes em 2000, registrando, respectivamente, 803 e 678 acidentes. Os profissionais mais atingidos por problemas de saúde no trabalho são os auxiliares de produção, operadores de máquinas, garis e enfermeiros. Porém não são só as doenças que deixam seqüelas físicas que preocupam o setor.

“Com as transformações tecnológicas, o homem está sendo submetido a milhões de informações. A exigência de um trabalhador multiqualificado provoca doenças como o estresse emocional e o assédio moral”, ressalta a coordenadora das Relações do Trabalho, da Secretaria do Trabalho, Emprego e Promoção Social, Elza Campos. Segundo ela, o assédio moral é algo muito subjetivo, porque é uma doença que não é facilmente diagnosticada. “Muitas vezes o trabalhador é obrigado a fazer horas extras, sob o temor de ser mandado embora. Outro exemplo ocorre quando o patrão humilha o trabalhador em público”, ressalta. A coordenadora afirma que essas situações provocam desgastes nas relações do trabalho, levando os profissionais a apresentarem quadros de depressão ou, no pior dos casos, levarem as pessoas ao suicídio. Para mudar esse quadro, destaca, é preciso investir em informação, tanto para os funcionários como para as empresas.

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