Número de acidentes no trabalho ainda é grande

Apesar de haver, atualmente, mais fiscalização e mais informação ao trabalhador, as situações de risco no trabalho ainda preocupam. O Ministério Público do Trabalho (MPT) de Curitiba atua em 224 processos investigatórios com o tema e somente o Hospital do Trabalhador atendeu, de janeiro a junho deste ano, 6.075 acidentados.

"Há uma evolução, mas falta questões básicas. Tem muito empresário que ainda desconhece os cuidados necessários; a condição de fiscalização melhorou, mas, por falta de estrutura, ainda não é suficiente: falta auditorias e pessoal; e tem a questão cultural, o nosso trabalhador tem aversão às proteções pessoais. Precisaria dar uma melhorada", afirma o engenheiro do trabalho do MPT, Jakson Moreira Pinto.

Em algumas empresas pelas quais a equipe de O Estado passou, uma madeireira e uma metalúrgica de Curitiba, quase nenhum dos funcionários utilizavam proteção.

Entre os setores que ainda se sobressaem em número de acidentes no Paraná, o engenheiro aponta o setor madeireiro. "Existem condições precárias de desdobramento da madeira. A condição de extração também, às vezes tem pessoal que não é capacitado para isso", explica. Segundo indicadores mais atuais do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), de 2003, a incidência de acidentes ligados à exploração florestal é 98,54 (número de casos divididos por número médio anual de vínculos) por mil. O índice de incapacidade temporária gerada é de 88,65 por mil.

A construção civil, segundo Jakson, tem os altos e baixos. "Sempre foi a que levou o troféu em número de acidentados, mas houve uma melhora em termos de proteção", afirma. Segundo os dados disponíveis pelo INSS, também de 2003, a incidência de acidentes na atividade de demolição e preparação de terreno é de 52,86 por mil, o mesmo índice de incapacidade gerada. O órgão ainda não disponibilizou dados mais recentes.

Uma preocupação atual do MPT é em relação aos ruídos. Por mais que tenha aumentado a informação, muitos trabalhadores não se protegem. "O ruído tem várias nuances: tem a doença ocupacional, ou seja, a redução da audição que compromete a comunicação e prejudica o convívio social", explica o engenheiro. Entre as atividades que apresentam esse risco estão as que trabalham com prensas, rotativas e motores, petroquímicas, fábricas de madeira e até agentes de trânsito.

Ainda de acordo com Jakson, para diminuir esses riscos, principalmente em relação aos ruídos, seria preciso que os riscos fossem todos levantados e ações fossem propostas. "Por parte do MPT, temos atuado muito na exigência da redução acústica na própria máquina, mas em relação ao ruído e a essa proteção geram custo e não há linha de financiamento para essa área. A empresa tem que arcar com esse custo e muitas não têm condição", afirma.

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