Novo vazamento de óleo dificulta remoção do Vicuña

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Barreiras de contenção evitaram
que o óleo se espalhasse.

Depois de uma semana de tentativas frustradas, a remoção da proa do navio chileno Vicuña, que explodiu no dia 15 de dezembro do ano passado no píer da empresa Cattalini, no Porto de Paranaguá, começou a ser feita. Até o fechamento desta edição, porém, o içamento da proa não havia sido concluído.

De acordo com Jan Kalkman, capitão da Smit Salvage – empresa holandesa licenciada para retirar o navio da Baía de Paranaguá – a demora na remoção da proa do Vicuña se deu pela grande quantidade de água no interior do navio, que precisava ser retirada para que a operação tivesse sucesso. "Além de esperar a água escorrer, precisamos controlar o vazamento de óleo que ainda está no navio", explicou.

Por volta do meio-dia de ontem, quando o navio foi desprendido do fundo da baía, houve um pequeno vazamento de óleo. Como a maré estava mudando de direção, os barcos de pesca – que foram contratados para auxiliar na colocação das barreiras de contenção – tiveram que se deslocar rapidamente para conter o óleo do outro lado da baía. Apesar do susto, João Antônio de Oliveira, fiscal do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), disse que foi possível conter todo o óleo. "Esse vazamento estava dentro daquilo que esperávamos. Por isso foi possível conter", disse Oliveira.

Os técnicos conseguiram resolver também o problema de distribuição de peso na proa do navio. Um cabo de aço foi preso no navio e no píer da Cattalini, para manter o equilíbrio da peça, que pesa entre 800 e 900 toneladas. Na primeira tentativa de içar a proa, o cabo acabou soltando e obrigou os técnicos a refazerem todo o procedimento, o que atrasou o início da operação em pelo menos duas horas.

Durante a tarde, o trabalho se restringiu em inclinar a proa do navio, para diminuir o vazamento de óleo, e deixar a água escorrer. Na medida em que essas duas operações eram feitas, o guincho puxava lentamente a proa do navio.

Hoje, a Smit deve dar início à remoção de outra parte do navio. Ainda estão submersas na baía cinco partes do Vicuña. De acordo com Kalkman, a remoção mais complicada deve ser a do motor, que é a parte mais pesada e onde se concentra a maior parte do óleo que ainda está no navio. A proa do navio segue para Pontal do Sul, onde será recortada e levada pela Gerdau, que comprou o material para reutilização.

Proteção

Dos 66 mil hectares da baía de Paranaguá, cerca de 2,3 mil estão protegidos com barreiras de contenção para evitar novos danos ao meio ambiente. Quinhentos pescadores contratados pela Ultragás – dona do navio – estão espalhados na área, ajudando a posicionar as barreiras. Além disso, a operação utiliza duas máquinas que auxiliam na coleta de óleo na baía.

A pesca no litoral já foi liberada. O Ibama ainda não tem um parecer sobre os danos causados ao meio ambiente pela explosão do Vicuña. Acredita-se que por volta de maio saia o primeiro levantamento preliminar.

No entanto, o advogado da Ultragás, Luiz Roberto Leven Siano, disse que os danos ao meio ambiente foram mínimos. "Existia cerca de 1,2 milhão de litros de óleo combustível no Vicuña. Deste total, vazou cerca de um milhão e conseguimos retirar da baía 80% disso. Os danos ambientais foram pequenos", afirmou.

Apesar da contradição nos pareceres, Kalkman, que coordena os trabalhos, disse que em 15 anos de experiência no ramo, nunca viu um acidente nas proporções do Vicuña. A Smit Salvage tem até o dia 15 de março para concluir os trabalhos no Porto de Paranaguá.

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