Novo reitor da UFPR fala como será sua gestão

No último dia 11, Zaki Akel Sobrinho assumiu a reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Dentre as mudanças em sua gestão, Akel afirmou, em entrevista exclusiva a O Estado, que irá priorizar a gestão de pessoas e aumentar os investimentos nas áreas de graduação e pós-graduação da UFPR durante sua administração, até 2012, ano em que a UFPR completa cem anos.

O Estado – O que o senhor pretende mudar na UFPR durante sua gestão?

Zaki Akel – Tenho três pilares básicos que já foram definidos durante a campanha. O primeiro deles é valorização das pessoas. Teremos projetos para estudantes, programas de assistência, melhorias na saúde, alimentação, moradia estudantil e permanência dos alunos na instituição. Temos um contingente grande de docentes e técnicos-administrativos que precisam de atenção. Nossos servidores muitas vezes não têm um salário estimulante, por isso, queremos dar a eles boas condições de trabalho. Quero resgatar o orgulho de pertencer à UFPR e a auto-estima de toda a equipe. O segundo pilar será um choque de gestão. Vamos trabalhar a desburocratização dos processos da UFPR. A sociedade exige velocidade: quem faz um convênio não quer esperar seis meses por uma licitação. Com o último pilar, pretendo abrir a universidade para a comunidade. Através da Associação de Amigos da Universidade poderemos congregar ex-alunos, ex-professores e pais de alunos.

OE – Você participou da gestão de Carlos Augusto Moreira Júnior. Seguirá as linhas de pensamento do antigo reitor?

ZA – Cada reitor tem suas prioridades e seu jeito de conduzir a universidade. Gostei muito de trabalhar com Moreira. Foi uma experiência positiva, com a qual aprendi muito. Agora pretendo aplicar essa experiência acumulada na minha administração. Tenho trabalhado muito pela gestão colegiada e participativa. Não quero que apenas o grupo do reitor e seus pró-reitores conduzam a universidade. Temos que ouvir a comunidade. Vou abrir instâncias de diálogo e usar os conselhos da instituição como órgãos de debate. Quero que os conselhos debatam projetos e rumos da UFPR.

OE – Sua equipe de trabalho já está definida?

ZA – Algumas áreas serão definidas em janeiro, mas a equipe dos sete pró-reitores já foi escolhida. São profissionais com experiência e um bom tempo de trabalho na UFPR. Ainda estamos contando com o apoio da administração atual para fazer a transição de uma maneira que fique boa para a universidade.

OE – No último vestibular a UFPR reservou um número recorde de vagas aos deficientes e cotistas. Como avalia a inclusão dessas classes na UFPR?

ZA – A abertura das vagas para portadores de necessidades especiais foi uma imposição do Ministério Público, acredito que houve uma discussão um pouco apressada para abertura e de uma vaga em cada curso.

OE – Apenas 13 candidatos portadores de necessidades especiais foram aprovados. Isso não tira vagas daqueles que poderiam ter entrado?

ZA – Esses candidatos não bloqueiam outras vagas. Elas ainda serão aproveitadas. Temos a visão clara que devemos conciliar inclusão social e qualidade de ensino.

OE – Como avalia a aplicação dos recursos do Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) na UFPR?

ZA – O Reuni está muito bem. Foi uma janela de oportunidades que se abriu e se fechou rapidamente. Trata-se de uma oportunidade para captação de financiamento muito expressiva. Algumas universidades estão dobrando o seu contingente de alunos. Na UFPR, o crescimento será de 30%. Estamos, inclusive, com o dinheiro para fazer obras de infra-estrutura em 2,009. O Reuni tem duas metas centrais: uma delas é atingir 90% de taxa de sucesso e a outra, a relação de 18 alunos por professor. Acredito que logo teremos condições de ter uma relação próxima de 15 para 1. Temos uma coordenação que vai cuidar só do Reuni. Agora é hora de fazer uma avaliação e corrigir qualquer coisa que eventualmente tenha se desviado.

OE – Qual será a real função da Funpar no seu mandato?

ZA – A Funpar está numa situação sempre crítica em função das críticas feitas pelo Tribunal de Contas da União. Para mudar isso, vamos trabalhar no resgate da autonomia da instituição. Hoje a universidade precisa da fundação de apoio. Sem ela, projetos seriam muito prejudicados, principalmente o Hospital de Clínicas. Atualmente temos a gestão do HC, do Hospital do Trabalhador e da Maternidade Victor Ferreria do Amaral e, sem a Funpar, eles não estariam funcionando. Essa é a questão que estamos colocando ao Ministério da Educação. Se eles proibirem totalmente essa relação, ficará impossível manter esses projetos.

OE – Todas essas polêmicas envolvendo a Funpar atrapalham o trabalho com a UFPR?

ZA – A Funpar pode ter transparência e mecanismos de controle muito bons. Tudo que acontece lá pode ser trazido e aprovado no Conselho Universitário e nos outros conselhos adequados da instituição. Membros da universidade já fazem parte do conselho diretor da Funpar. Eu mesmo fui indicado pelo ex-reitor como conselheiro da Funpar. Sabemos tudo que acontece na fundação, temos as prestações de contas e um grande domínio sobre as ações da Funpar. A outra tendência da fundação é ser um escritório de inovação tecnológica. Vamos direcionar a Funpar para que ela volte a ter essa vocação para o desenvolvimento de ciência, tecnologia e cultura.

OE – Com relação à pós-graduação e pesquisa, quais são suas prioridades?

ZA – Temos uma posição ótima no ranking nacional e no Paraná estamos com uma colocação de ponta na área. Teremos oito novos cursos de mestrado e doutorado. Quando o mestrado chega num nível de excelência, por exemplo, tende a criar um doutorado. Aquele grupo de pesquisadores, professores e acadêmicos naturalmente quer ir para o próximo degrau. Vamos aprofundar, ampliar e continuar dando apoio para que essas unidades continuem expandindo. Vamos fortalecer também as relações internacionais. Hoje as universidades estão inseridas em sistemas de ensino globais, acredito que essa é uma área em que podemos dar um próximo salto.

OE – Quais serão as mudanças para a graduação?

ZA – O próximo ano será eleito como o ano temático da graduação. Queremos, em 2009, realizar uma avaliação muito criteriosa dos cursos de graduação. E, a partir dessa avaliação, iniciar imediatamente ações de melhorias. Vamos combater a evasão e a repetência, melhorando, assim, o nível da nossa graduação. O que está bom ainda pode ser melhorado.