Novela do preço da tarifa de ônibus continua firme

A planilha de custos que justificou o aumento – que foi suspenso na última terça-feira – de 15,15% na passagem do transporte coletivo de Curitiba vai ser revista. Até a próxima semana, os usuários deverão saber se continuam pagando R$ 1,65 ou terão que desembolsar R$ 1,90 ou qualquer outro valor pela passagem de ônibus na capital.

A presidenta da Urbs, Yara Eisenbach, entregou ontem ao prefeito em exercício de Curitiba, Beto Richa, os estudos que resultaram no reajuste. Ele prometeu analisar tudo até a semana que vem.

A entrega das planilhas aconteceu durante uma “solenidade” oficial na Prefeitura, que atrasou cerca de uma hora. Depois de posarem para fotos e filmagens, Yara e Beto foram sucintos em falar sobre o assunto. A diretora da Urbs afirmou que como responsável pelo transporte coletivo na cidade, era seu dever repassar os cálculos solicitados por Beto.

Ela fez questão de frisar que eram os mesmos estudos já repassados ao prefeito Cassio Taniguchi, que aprovara o aumento. Sobre as alegações de que Beto não tinha sido informado sobre os estudos, Yara afirmou que, se houve falha de informação, não foi culpa dela, que comunicou Cassio Taniguchi.

O prefeito em exercício não quis antecipar nada sobre as planilhas, garantindo que neste final de semana iria iniciar a análise dos cálculos apresentados pela Urbs. Ele garantiu que os usuários poderão ficar despreocupados, pois por enquanto o valor da passagem será mantido em R$ 1,65.

Vales

Mesmo com o recado de Beto, a procura por vales-transporte na sede da Urbs na rodoferroviária continua grande. Desde terça-feira, os compradores precisam enfrentar filas gigantescas para adquirir os tíquetes. Muitas pessoas ainda aproveitam o valor de R$ 1,65, temendo o aumento no começo da próxima semana. Esse é o caso do pastor evangélico Ozimar Guilherme de Medeiros, que foi comprar ontem 50 vales para usar durante o mês. “Na verdade, essa é a quantidade que dá para comprar agora”, explica. Enfrentar a fila foi a única solução para conseguir economizar na tarifa. “Eu já tinha vindo no começo da semana, mas me assustei com o tamanho da fila e desisti”, conta Medeiros. “Mas não consegui escapar dela.”

A assistente administrativa Eliane de Paula enfrentou a fila para comprar cinco mil vales para a empresa em que trabalha. Ela acredita que a confusão do aumento da passagem tem motivo político. “Isso é uma jogada política. Eles acham que nos enganam”, afirma. “A população é que sempre sai prejudicada. Mas as pessoas também não tentam mudar, parece que têm medo”, avalia Eliane. Ela compara o valor de R$ 1,90 a um litro de gasolina. “Dá quase isso. Vale mais a pena andar de carro”, ressalta.

Planilhas, burocracia e confusão

A Urbs mandou um ofício, no final da tarde de quarta-feira, ao Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) pedindo os dados e a metodologia com os quais os técnicos da instituição chegaram ao valor de R$ 1,73 para a passagem do transporte coletivo. Em contrapartida, o Dieese mandou um comunicado, na manhã de ontem, tentando marcar uma reunião em que apresentaria as informações, desde que a Urbs também mostrasse a planilha que deu origem à tarifa de R$ 1,90.

“Nós queremos discutir essa situação antes de um aumento”, explica Cid Cordeiro, coordenador do Dieese. “Assim o prefeito em exercício, Beto Richa, terá subsídios para definir o novo valor.” A Urbs, por meio de assessoria de imprensa, se limitou a informar que está esperando os cálculos do Dieese.

Oposição

O vereador Pedro Paulo (PT), da bancada de oposição, protocolou ontem um requerimento para que a mesa executiva da Câmara Municipal convocasse uma sessão extraordinária para discutir o aumento da tarifa de ônibus. “Estamos solicitando a convocação com um prazo de 72 horas”, explica. Os vereadores querem a planilha de custos da Urbs e os estudos realizados pelo Dieese. Pedro Paulo também pede os relatórios que foram entregues ontem ao prefeito em exercício pela presidenta da empresa, Yara Einsenbach.

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