No Brasil, pesquisas com células-tronco avançam

O Brasil tem dificuldades para realizar pesquisas devido à falta de possibilidades do governo em captar recursos. Entretanto, no que diz respeito a pesquisas com células-tronco, o País vem acompanhando o que vem sendo feito pelos grandes centros. A constatação é do biólogo e um dos organizadores do Simpósio de Terapia Celular, que termina hoje, no Hotel Sheraton Four Points, na capital, Fábio Rueda Faucz. Segundo ele, o País tem se mantido atualizado graças à criação do Instituto do Milênio, uma entidade virtual que reúne representantes de todos os grandes laboratórios brasileiros.

"A existência do Instituto permitiu que o grupo conseguisse verbas junto a entidades de fomento, comprasse equipamentos de ponta e, conseqüentemente, também iniciasse a realização de pesquisas de ponta", diz. "Atualmente, vários trabalhos são desenvolvidos no Brasil."

As pesquisas com células-tronco adultas (retiradas da medula óssea ou do cordão umbilical) são realizadas há cerca de oito anos no mundo. No Brasil, estudos com a participação de seres humanos são realizados há dois anos. Existem projetos considerados bastante importantes, como o que vem sendo realizado com pessoas vítimas de cardiomiopatia dilatada, no Rio de Janeiro, e os de esclerose múltipla e de lupus eritrematoso sistêmico (acúmulo de anticorpos em alguns órgãos do corpo), desenvolvidos no Hospital de Clínicas de Curitiba.

No último mês de março, foi sancionada a Lei de Biossegurança, que permite que cientistas brasileiros utilizem células-tronco de embriões humanos em pesquisas destinadas à cura de doenças degenerativas, como males de Alzheimer e Parkinson. "Imediatamente, a sanção da lei não trará benefício algum aos pacientes. Entretanto, as células-tronco embrionárias têm grande potencial e, no futuro, podem vir a ter utilização terapêutica", declara o médico do Instituto Nacional de Cardiologia Laranjeiras, do Rio de Janeiro, Antônio Carlos Campos de Carvalho.

No que diz respeito à ética na utilização de embriões humanos, Carvalho acredita que o Congresso Nacional foi bastante cauteloso ao só permitir a utilização de embriões congelados há mais de três anos e com a autorização dos familiares. Porém, muitas discussões sobre o tema ainda devem acontecer. "A grande dúvida é se um embrião já pode ou não ser considerado um ser humano. Isto deve continuar gerando muita polêmica." 

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