IBGE

Mulheres estudam mais e ganham menos

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2008, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), confirmou mais uma vez, em números, que as mulheres continuam sendo mais escolarizadas do que os homens, mas mesmo assim se mantêm com remuneração bem inferior. E a situação no Paraná não é diferente.

A pesquisa apontou que em todas as circunstâncias o número de mulheres matriculadas nas universidades, sejam elas públicas ou privadas, é maior do que o de homens. Mas quando elas chegam ao mercado de trabalho, a média do rendimento mensal é de R$ 577, enquanto os homens ganham R$ 1.068.

Segundo a PNAD, 232 mil mulheres frequentavam faculdades particulares ou públicas no Paraná, contra 173 mil homens, em 2008. A diferença na persistência das mulheres pode ser apontada com os dados dos ensinos fundamental e médio.

Enquanto no ensino fundamental havia 904 mil homens e 854 mil mulheres, no ensino médio a situação se inverte e permanece como no ensino superior: 252 mil homens contra 318 mil mulheres. Isso indica que os homens deixam de estudar mais cedo.

Na opinião da economista do Dieese Lenina Formaggi, alguns fatores podem explicar essas diferenças que persistem entre homens e mulheres, como por exemplo o tipo de ocupação, o preconceito e a dedicação aos afazeres de sua residência.

“Acredito que, na medida em que há crescimento econômico, vai aumentar a participação da mulher no mercado de trabalho e, consequentemente, a remuneração”, diz Lenina.

E esse otimismo é sustentado pelos dados do Dieese que apontam que o aumento no salário médio da mulher, em 2007, foi de 12,7%, enquanto que no do homem, 6,1%.

Otimismo ainda maior tem a psicóloga e orientadora vocacional do Núcleo de Empregabilidade da FAE – Centro Universitário, Nelcy Lubi Sinck. “Acredito que nas áreas operacionais e administrativas a mulher está tendo uma credibilidade maior. Sem falar que elas se aperfeiçoam mais, são mais versáteis do que os homens e conseguem trabalhar melhor na pressão do que eles”, comenta.

A diretora da unidade da De Bernt Entschev no Paraná, Ruth Bandeira, vai ainda mais longe. Ela acredita que, por serem mais persistentes e desafiadoras, as mulheres conseguem posições de destaque e reconhecimento no mercado de trabalho.

“Há alguns anos, percebíamos que as mulheres só atuavam em posições de chefia no setor de recursos humanos. Já, hoje, elas estão em cargos chaves em diversas áreas, como engenharia e automotiva, por exemplo. Mas acredito que a igualdade vai demorar um pouco”, avalia.

Ruth também dá uma dica para as mulheres: “Acho que elas também têm que mudar um pouco a forma de atuar na empresa. Têm que ser femininas, sim, mas não ter a sensibilidade exacerbada, não misturar o pessoal com o profissional, o que ainda ocorre entre as mulheres”, opina.

Região sul registra o maior número de idosos

As regiões sul e sudeste apresentaram as estruturas etárias mais envelhecidas em comparação com as outras regiões do País, segundo a PNAD. No sul, a população de 40 anos ou mais representava, em 2008, 38,1% do total de residentes. No sudeste, a porcentagem foi de 37,8%. Em dez anos, a quantidade de pessoas com mais de 65 anos passou de 5,5% da população paranaense, para 7,5%.

Cerca de 10% da população de Curitiba é idosa, mas há cidades do Paraná onde esse índice já passou de 20%, como é o caso do município de Kaloré, no norte do Paraná. Nas regiões de Irati, no sudeste, e Francisco Beltrão, no sudoeste, a porcentagem também está acima de 15%.

População mais envelhecida pode ser sinônimo de qualidade de vida, mas ao mesmo tempo traz a probabilidade de causar inchaço no serviço público de saúde. Dados da Secretaria de Estado d,a Saúde (Sesa) apontam que pelo menos 30% dos cerca de um milhão de idosos que vivem no Paraná sofrem queda com fraturas uma vez ao ano. Desses, cerca de 12% são casos gravíssimos, que levam à hospitalização e podem chegar até mesmo a óbito.

E a maioria das quedas ocorre dentro de casa. A violência contra os idosos também é outra constatação da Sesa: das cerca de quatro mil ligações que o Disk Idoso recebeu no ano passado em todo o Paraná, pelo menos 85% se referiam à denúncias de violência contra as pessoas com mais idade.

Para o coordenador da Divisão de Promoção de Saúde do Adulto e do Idoso da Sesa, Rubens Bendlin, as cidades ainda estão muito pouco adaptadas para abrigar as pessoas com mais de 60 anos de idade.

“A acessibilidade ainda não está adequada, como calçadas e raízes expostas nas ruas, por exemplo”, comenta. Segundo ele, está se caminhando para melhorias nas políticas públicas. “É muito agradável saber que temos a longevidade, mas é preciso que haja políticas públicas voltadas aos idosos”, avalia. (MA)

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