Mulher guardava todo tipo de lixo em casa

Muito lixo e sujeira, os mais variados tipos de insetos e roedores, vermes, focos do mosquito da dengue, 18 cachorros e 50 gatos mantidos em estado precário – alguns muito doentes. A descrição é de parte do material encontrado ontem dentro da casa de uma mulher, em Londrina. Com uma ordem judicial obtida pelo Ministério Público do Estado (MPE), funcionários de diversos órgãos sanitários e do meio ambiente da Prefeitura entraram na casa pela manhã para fazer a limpeza. O local teve que ser arrombado, porque a proprietária se recusou a abrir.

Os vizinhos já reclamam da situação há cerca de dois anos. No ano passado a Vigilância Sanitária conseguiu o consentimento da mulher para fazer uma limpeza, porém não pôde ser completa porque ela selecionava o que deveria ser jogado fora. Por isso, os vizinhos procuraram o MPE e ingressaram com uma ação pedindo que a limpeza fosse feita por via judicial. ?O cenário era de horror?, descreveu o diretor de operações da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanismo de Londrina (CMTU), órgão responsável pela limpeza pública, Fábio Reali.

?Lá tinha muito lixo acumulado, ratos em todos os lugares, inclusive nas panelas, baratas, pulgas, piolhos e diversos outros insetos em geral. Na geladeira tinha comida estragada e carne podre. E também cães e gatos aprisionados. Alguns seguramente vão ter que ser sacrificados. A casa era uma bomba-relógio de doenças?, contou Reali. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente deu dez dias para a mulher retirar os animais de lá. Caso isso não aconteça, a secretaria já está em contato com universidades e ONGs para ver onde é possível acomodá-los.

O diretor de saúde ambiental da Secretaria Municipal de Saúde de Londrina, Maurício de Sousa Barros, contou que a Prefeitura já movia uma ação na Justiça para conseguir a autorização judicial para limpeza. No entanto, aproveitaram que a ação do MP tramitou mais rápido. Nesse meio tempo, os agentes de saúde da Prefeitura foram até a casa várias vezes, porém ?ela não aceitava fazer a limpeza total?. ?Na maioria das vezes, ela não abria a porta para o pessoal da Vigilância Sanitária e nem para o pessoal de prevenção à dengue?, afirmou.

Quinze funcionários da Prefeitura passaram o dia, ontem, fazendo a limpeza na casa. Até o final da tarde três caminhões de lixo haviam sido retirados. Hoje eles devem fazer o rescaldo. O diretor de operações da CMTU reforçou que a vizinhança é o principal fiscal e, por isso, deve monitorar para não deixar a situação se repetir.

Problemas psicológicos

Uma enfermeira do Centro de Atendimento Psicossocial (Caps) da Prefeitura acompanhou a equipe até a casa. Apesar de não querer abrir o portão e de se esconder dentro de um guarda-roupa, a mulher aceitou ir ao Centro para receber atendimento. O Caps é uma espécie de hospital que atende os pacientes com problemas psicológicos durante o dia, e à noite eles voltam para casa.

Nenhum familiar apareceu para acompanhar a mulher. Os funcionários que prestaram atendimento receberam a informação de que ela teria uma irmã em Londrina e que o restante dos familiares mora no Japão. Apurou-se também que não se trata de uma pessoa carente, já que ela tem alguns bens em Londrina, como imóveis que aluga. Como a mulher aparenta ter problemas psicológicos, não pode ser multada pela Prefeitura.

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