Pré-natal demorado

Mulher com gravidez de risco espera 12 horas em hospital

Na capital que empresta o nome ao Programa Mãe Curitibana as gestantes nem sempre são tratadas com o cuidado divulgado pela prefeitura. Pelo menos é isso que vem constatando a operadora de caixa Josie Magda Oliveira da Costa, grávida de sete meses. Desde novembro, quando o acompanhamento pré-natal passou a ser realizado no Hospital Evangélico, em função da gestação ser considerada de alto risco, Josie tem enfrentado uma verdadeira via sacra entre consultas e remarcações.

O ápice do tempo perdido pela gestante para cumprir os exames do pré-natal foi nesta terça-feira (10), quando ela cravou quase 12 horas de permanência na unidade do Hospital Evangélico na Avenida Sete de Setembro.

A exemplo das outras duas vezes em que se dirigiu à unidade, a consulta com a obstetrícia trazia o horário das 7h. Entretanto, somente às 14h que Josie foi atendida. Em função do hipotireoidismo, a obstetra deu a carta de encaminhamento para a endocrinologia e deixou indicada a data de 12 de janeiro.

Na estação, ela levou mais duas horas para conseguir a senha de atendimento para aguardar a vez de ser cadastrada na central de regulação da prefeitura, o chamado ICI saúde. Por volta das 18h30, a gestante, finalmente, conseguiu a guia emitida com comprovante de agendamento da consulta, totalizando quase 12 horas de permanência no hospital. “Hoje foi o caos total, dizem que janeiro piora mesmo”, conta. “Só que nas três vezes que vim me consultar levei de três a quatro horas para ser atendida. Na penúltima vez, nessa mesma espera, uma mulher entrou em trabalho de parto”, acrescenta.

A coordenadora do ambulatório do Centro Médico do Hospital Evangélico, Ana Luísa Gomes Coelho, reconhece que as duas primeiras semanas deste mês devem ser mais demoradas por três motivos, sendo que um deles é pontual, a mudança no sistema de informática da prefeitura. “Por conta da mudança na plataforma, o sistema está mais lento. Se antes levávamos três minutos por paciente, hoje levamos 15 e, por dia, chegamos a atender 1,2 mil pessoas”, explica. Para tentar aliviar esse gargalo, no próximo sábado, o Hospital Evangélico fará um plantão específico para marcação de consultas das 8h às 13h.

As outras duas razões fazem parte da rotina do sistema público de saúde: férias de funcionários em um quadro já enxuto. Em janeiro, do quadro de 30 profissionais no Centro Médico, seis estão em férias. E para agravar isso, as remarcações de consultas que ficam pendentes em dezembro afogam ainda mais o sistema em todo início do ano. “Não é o ideal, mas os usuários do SUS estão acostumados a essa rotina”, garante a coordenadora.

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