MST mantém acampamento em frente à sede do Incra do Paraná

Cerca  1,3 mil integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)  permanecem acampados em frente à sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) do Paraná. Vindos de diversas regiões do estado, eles montaram as barracas terça-feira(25) e, segundo o representante da coordenação do MST paranaense, José Damasceno, só pretendem deixar o local quando as negociações forem encerradas.

Uma das reivindicações do grupo é a compra de áreas para o assentamento de 9 mil famílias. Nesta quinta-feira (27), cerca de 250 integrantes do movimento passaram a tarde discutindo a pauta de reivindicações com o secretário de Agricultura do Paraná, Valter Bianchini. O MST também defende a assinatura de convênio retomando o programa de assistência técnica para os assentamentos de reforma agrária. De acordo com líderes do movimento, o programa está bloqueado há um ano e meio, prejudicando o acesso de 17 mil famílias a créditos agrícolas.

Bianchini disse aos trabalhadores que vai analisar o processo com a Procuradoria e o governo do Estado e dar uma resposta até amanhã (28) à tarde. De acordo com  a assessoria do MST, Pelo convênio, serão liberados R$ 3,2 milhões do Incra e uma contrapartida de R$ 800 mil do governo estadual.

Líderes do movimento informaram que a volta dos trabalhadores para casa amanhã (28) dependerá desse convênio. Se não for assinado o convênio, eles disseram que vão passar o final de semana acampados em frente ao Incra.

José Damasceno considerou razoáveis as negociações realizadas até agora. ?A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), por exemplo, se comprometeu a liberar as cestas básicas, atrasadas, até o início de  outubro, para o Incra efetuar a distribuição. As famílias acampadas têm direito de receber uma cesta básica a cada 45 dias, o que não vem sendo cumprido?, afirmou Damasceno.

Quanto ao fortalecimento do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o superintendente da Conab, Lafaiete Jacomel, disse aos trabalhadores que depende de recursos centralizados em Brasília, mas garantiu que o programa vai continuar comprando a produção dos agricultores assentados. Dentro do PAA, cada família tem direito de comercializar até R$ 3.500,00, em produtos por ano.

Para a coordenadora do Setor de Produção do MST, Martina Unterberguer, o programa é importante, porque incentiva a produção agrícola e a diversificação da produção, "mas precisa ser ampliado, garantindo a compra de 70% da produção dos pequenos agricultores, para atender a demanda".

O Incra se comprometeu a encaminhar valores para reforma de casas nos assentamentos, enquanto a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), a Companhia de Eletricidade do Paraná (Copel) e a Eletrosul farão um levantamento para identificar onde há carência de saneamento básico e energia elétrica. Já o Banco do Brasil aguarda a liberação de recursos do governo federal para gerenciar  créditos de investimentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

Voltar ao topo