MST invade Prefeitura de General Carneiro

Membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram, ontem pela manhã, a sede da Prefeitura de General Carneiro. Eles afirmam que só vão deixar o local depois que o prefeito Juares Ferreira atender uma série de reivindicações. Entre elas a revogação de um decreto municipal que desapropria parte da fazenda Zattar, ocupada pelos trabalhadores rurais, para a construção de um aeroporto. Ontem à tarde, a Prefeitura conseguiu um mandado de reintegração de posse, mas até o início da noite ele não havia sido cumprido.

Os moradores de General Carneiro que procuraram a Prefeitura ontem, tiveram uma surpresa. No lugar dos funcionários encontraram os sem terra – cerca de 150 pessoas, segundo o MST, e 80, segundo funcionários da Prefeitura – do acampamento 1.º de Maio acampados com foices, facões e enxadas. O grupo foi preparado para passar vários dias e a comida estava sendo feita num fogão a gás. O serviço administrativo ficou parado o dia todo. Os trabalhadores rurais invadiram para pressionar o prefeito a negociar uma pauta extensa de reivindicações. Eles afirmam que na área em que a Prefeitura quer construir o aeroporto, que ocupa cerca de 30 alqueires, pretendem construir um centro comunitário. Mas ao que tudo indica, o prefeito não quer discutir a questão. O técnico administrativo, Edmilson Eloy Gauer, diz que o decreto foi publicado na gestão passada e a administração atual quer mantê-lo. Explica ainda, que a empresa que era proprietária da área construiu toda a infra-estrutura necessária para o aeroporto e a prefeitura quer aproveitar a oportunidade. "A pista, que era o mais caro, já está pronta. O prefeito não vai discutir esse assunto. São apenas 10 alqueires", afirma, dizendo que a área desapropriada é menor do que a apontada pelo MST. Além disso, o município pretende investir em turismo e o aeroporto é necessário.

Mas a pauta de reivindicações dos trabalhadores continua. Eles também querem a construção de mais duas salas de aula no acampamento. No entanto, Edmilson diz que o pedido é inviável porque a metodologia usada nas escolas itinerantes é diferente da adotada pela rede municipal de ensino.

Os sem terra também querem atendimento médico, que teria sido negado a um dos trabalhadores porque o título dele era de outra cidade. Mas Edmilson disse que isso não aconteceu e todos têm atendimento garantido, inclusive por equipes de dentistas e médicos que costumam ir até o acampamento. Os trabalhadores pedem ainda a recuperação das estradas rurais e um caminhão para ir buscar as cestas básicas doadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em uma cidade próxima. "Mas isso sempre foi feito", retruca Edmilson.

Ontem mesmo, a Prefeitura entrou na Comarca de União da Vitória com um pedido de reintegração de posse e, segundo Edmilson, ele foi atendido por volta das 16h. "A Prefeitura pode negociar, mas não dessa forma", acrescenta. A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) informou que até as 18h de ontem nenhum pedido de reintegração havia chegado ao órgão. Por enquanto, a Polícia Militar só estava acompanhando a manifestação de longe, pois estava ocorrendo de forma pacífica. Os sem terra pretendiam passar a noite no local. 

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