MST invade pedágios no Paraná

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam 12 das 27 praças de pedágio no Paraná ontem, dia que marcou os 12 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, quando 19 trabalhadores rurais morreram em confronto com a polícia.

No Estado, eles também protestaram contra duas mortes de trabalhadores rurais nos últimos seis meses. As invasões começaram no início da madrugada e a última praça invadida, de Wittmarsun (região dos Campos Gerais), foi liberada por volta das 19h.

Foram ocupadas as praças das concessionárias Ecovia, na BR-277, no trecho que liga Curitiba ao litoral, três da Rodonorte (São Luiz do Purunã, Ortigueira e Wittmarsun), duas da Viapar (Campo Mourão e Mandaguari), três da Rodovia das Cataratas (São Miguel do Iguaçu, Laranjeiras do Sul e Candói) e três da Caminhos do Paraná (Prudentópolis, Porto Amazonas e Lapa). Em todas as praças, os funcionários foram retirados, as cancelas foram liberadas e os motoristas passaram sem pagar tarifa. A primeira invasão aconteceu em Candói à 1h.

Os protestos dos trabalhadores rurais aconteceram em diversos estados, onde foram ocupadas praças de pedágios, usinas, rodovias e ferrovias, e fazem parte do movimento conhecido como Abril Vermelho. A praça de Wittmarsun foi a última a ser ocupada, por volta das 17h30. A concessionária recebeu a informação extra-oficial de que os trabalhadores rurais estavam cobrando pedágio por conta. A informação não foi confirmada pelo MST.

Algumas concessionárias conseguiram liminar de reintegração de posse na Justiça Federal. No entanto, nenhuma foi cumprida, pois os sem terra saíram espontaneamente. Todas as praças foram invadidas por cerca de 100 integrantes. Ainda não há uma estimativa de quantos veículos deixaram de pagar pedágio. Não houve registro de conflitos ou depredação.

?Nosso objetivo é informar a população sobre nossas lutas, lembrar o que ocorreu em Eldorado, e protestar contra os assassinatos de dois trabalhadores rurais ocorridos nos últimos seis meses no Paraná?, explicou o integrante do MST que participou da ocupação da praça da Ecovia, Eron de Oliveira Brum. Ele se referiu ao militante da Via Campesina Valmir de Oliveira, morto em outubro em conflito na Fazenda Experimental Syngenta, em Santa Cruz do Oeste, e ao líder do MST Eli Dallemole, morto em março, no assentamento Libertação Camponesa, em Ortigueira.

Na última quarta-feira, membros do MST já haviam realizado protestos relativos ao Abril Vermelho em agências do Banco do Brasil (BB) localizadas em 14 cidades do interior do Estado. Ontem, o MST realizou um ato ecumênico em Ortigueira para lembrar as mortes do sem terra no Paraná. Em Londrina, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) realizou um seminário para discutir as mortes no campo.

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