MST faz marcha e acampa em Curitiba

Cerca de mil integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) montaram, ontem, acampamento em frente à sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Curitiba. Eles garantem que ficarão no local até que consigam ter atendidas uma série de reivindicações, como agilidade na reforma agrária, crédito para os assentamentos e fim da violência no campo.

Formado por representantes de assentados e acampados de diversas partes do Estado, o grupo chegou à capital pela manhã, de ônibus. Eles desembarcaram na BR-277, próximo ao Parque Barigüi, e seguiram, na contramão da via, até a entrada da cidade, o que provocou um grande congestionamento. A marcha seguiu até a sede do Incra, na Rua Dr. Faivre, por onde os motoristas não conseguiram passar. Durante a tarde, os sem terra protestaram contra a política econômica do governo federal em frente ao Ministério da Fazenda no Estado.

Hoje ocorre uma reunião de representantes do MST com a Divisão de Desenvolvimento de Projetos de Assentamentos do Incra, para discutir a infra-estrutura dos assentamentos. Na quinta-feira, também no Incra, o assunto principal será a previsão para obtenção de novas terras.

De acordo com o membro da coordenação estadual do MST, José Damaceno, a mobilização dos agricultores faz parte da jornada nacional de luta do movimento, que começou nesta semana. ?O objetivo é protestar contra o modelo de agricultura do País, que privilegia o agronegócio e investe quase nada na agricultura camponesa?, disse. Segundo ele, a prova dessa situação está no Incra, um órgão desaparelhado e sem estrutura para fazer a reforma agrária.

Reivindicações

Com as mobilizações, o MST quer cobrar uma resposta rápida do governo federal para a reforma agrária, além da implantação de uma portaria que muda o índice de avaliação de produtividade de terra. ?A atual portaria é da época do Regime Militar e, por isso, nunca consegue identificar áreas improdutivas nos estados do Sul e Centro-Oeste. O sistema está desatualizado e o Incra fica à mercê dos latifúndios que querem vender as terras, pois não existem desapropriações?, reclamou Damaceno. Ele confirmou que um novo decreto foi elaborado pelos ministérios do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura há mais de um ano, mas não foi sancionado pelo presidente Lula.

No Paraná, os sem terra também pedem mais segurança no campo. De acordo com Damanceno, a violência por parte da polícia nos acampamentos diminuiu, mas aumentou a violência de milícias armadas. Em todo o Estado, segundo Damaceno, existem nove mil pessoas esperando pela terra.

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