Motoristas desrespeitam vagas especiais

Portadores de deficiências físicas sofrem para estacionar seus carros. No Paraná, existem 475 mil pessoas com dificuldades de locomoção. Em contrapartida, ainda é grande o número de órgãos públicos e estabelecimentos comerciais que não possuem vagas especiais de estacionamento.

Nos locais em que as vagas estão presentes, o desrespeito costuma ser grande. É comum que pessoas que podem se deslocar de um lugar a outro sem dificuldades ignorem os avisos de que as vagas são exclusivas a portadores de necessidades especiais e utilizem-nas para colocar seus veículos. "A maioria das pessoas não têm noção do que estão fazendo. Ocupam as vagas dos deficientes físicos e não estão nem aí para nada. Há muito desleixo, desinteresse e falta de consideração por parte da população em geral", afirma o presidente da Associação dos Deficientes Físicos do Paraná, Mauro Vicenzo Claudio Nardini. "Isso gera uma série de constrangimentos a quem tem dificuldades de locomoção."

O próprio Mauro, que utiliza cadeira de rodas, já enfrentou problemas devido às pessoas que não respeitam as vagas especiais. Ele conta que, há alguns meses, quando foi fazer compras em um shopping de Curitiba, encontrou as duas vagas especiais existentes ocupadas por carro de não- portadores de deficiências físicas. Uma das vagas estava sendo ocupada por um funcionário de uma das lojas presentes no estabelecimento. "Por sorte encontrei uma pessoa que conhecia o dono de um dos carros e que se propôs a ir chamá-lo. Ele tirou o veículo da vaga para que eu pudesse colocar o meu, mas até que isso acontecesse perdi bastante tempo esperando. Passei umas três horas no shopping e, quando voltei, o outro veículo ainda estava estacionado na segunda vaga especial", lembra. "Acho que também é um erro dos guardadores de garagem dos estabelecimentos, que não querem se indispor com os clientes e acabam não impedindo que eles estacionem nas vagas destinadas aos deficientes."

Na própria sede da associação, localizada na Rua XV de Novembro, em Curitiba, Mauro conta que freqüentemente se indispõe com pessoas que estacionam nas vagas especiais. Essas ficam localizadas bem em frente à associação, que diariamente recebe um grande número de pessoas com dificuldades de locomoção. Por mais que existam vários avisos de que as vagas são exclusivas a deficientes, outras pessoas as utilizam enquanto vão a uma agência dos Correios localizada ao lado. "Essas pessoas não entendem que os portadores de deficiência não têm como sair do carro e ir procurá-las para que a vaga seja desocupada. Por mais que a visita aos Correios seja rápida, é um incômodo grande para quem necessita da vaga ter que ficar esperando", diz.

Não existe lei que regulamente o número de vagas especiais que devem ser mantidas por órgãos públicos e estabelecimentos comerciais. Geralmente, as vagas são reservadas de acordo com a área física dos estacionamentos e o bom senso de seus responsáveis. Porém, as vagas devem ser largas (aproximadamente três metros de largura) e devem estar localizadas perto das portas de entrada ou de saída. "Para resolver o problema, deveria existir multa para quem estacionasse nas vagas especiais. Acho que só assim as pessoas aprenderiam", comenta Mauro. "O desrespeito é tanto que eu resolvi que não me estresso mais. Quando chego em um lugar e as vagas estão ocupadas, estaciono atrás e vou fazer minhas compras."

O ideal é que os carros de pessoas com dificuldades de locomoção tenham um adesivo azul com uma pessoa em cadeira de rodas desenhada em branco. Pessoas que preferem não utilizar o adesivo também podem usar uma plaqueta móvel com o mesmo símbolo.

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