Intervenção cirúrgica

Morre paciente que passou por cirurgia de 51 horas

Morreu ontem, em Londrina, vítima de uma septicemia em decorrência de uma pneumonia, o gerente de vendas Onivaldo Cassiano, de 49 anos. Ele ficou conhecido nacionalmente após passar por uma cirurgia no miocárdio que durou 51 horas e ter usado mais de 400 bolsas de sangue, em julho desse ano. Seu corpo foi levado para o município de Jales, noroeste de São Paulo, onde será sepultado.

Segundo o filho mais velho de Onivaldo, Fernando Henrique Cassiano, de 28 anos, a morte do pai pegou a todos de surpresa. “Ele vinha reagindo bem à operação e demonstrava estar bem de saúde. De uma hora para outra, ele ficou mal e procurou a Santa Casa de Londrina na quinta-feira passada, onde foi internado e veio a falecer. Foi um grande choque”, disse.

O médico que realizou a cirurgia em Cassiano, Francisco Gregori Júnior, lamentou a morte do seu paciente. “Não esperava que ele fosse morrer devido a uma doença, até certo ponto, banal. Sempre achei que o Onivaldo iria falecer daqui a muitos anos. Ele resistiu muito bem a uma operação daquela magnitude, que começou no dia 28 de julho e só foi terminar no dia 30 do mesmo mês”, conta.

O médico afirma que a causa do óbito não foi devido à cirurgia. “A operação pela qual ele passou não foi a causa de sua morte. A única relação que podemos colocar foi a de que ele passou por um grande estresse físico e mental e que isso gerou uma grande imunodepressão de seu organismo”, conclui.

A cirurgia pela qual Cassiano fora submetido consistia em substituir uma válvula do coração por um tubo de pericárdio bovino, trocar a artéria aorta do miocárdio e realizar uma ponte de safena em uma das coronárias.

Durante a delicada intervenção cirúrgica, o paciente apresentou uma séria disfunção de enzimas fundamentais para a coagulação sangüínea, que são de extrema importância para cicatrização das suturas.

Durante a operação, ele sofreu diversas hemorragias porque o seu sangue não coagulava e as suturas não fechavam. A equipe que participou dos trabalhos era composta por quatro médicos e três residentes, que acompanharam todo o processo por mais de dois dias.