Mocó no centro da capital incomoda comerciantes

Um mocó localizado na Rua Trajano Reis vem incomodando moradores e comerciantes do bairro São Francisco, no centro de Curitiba. Há cerca de dois anos, uma casa vazia, localizada quase na esquina com a Rua Inácio Lustosa, teria virado reduto de marginais, usuários de drogas e pessoas desocupadas. Como as portas e janelas foram bem fechadas pelo dono do imóvel, que é desconhecido da maioria dos vizinhos, os invasores deram um jeito de abrir um buraco na parede para entrar na casa.

O comerciante Amilton Martins de Almeida, cujo estabelecimento fica bem ao lado do mocó, conta que já viu diversas pessoas entrando e saindo do lugar, inclusive uma mulher que carregava um bebê de colo. Há algum tempo, ele socorreu um rapaz de classe média que dizia ter sido assaltado por moradores da casa abandonada. “O rapaz chegou em meu estabelecimento usando roupas bastante velhas e pedindo para utilizar o telefone”, lembra. “Permiti que ele fizesse um telefonema e ele me contou que havia sido pego por alguns rapazes e levado para o mocó. Os marginais haviam tirado toda a sua roupa, roubado seus pertences e depois o libertado.”

Já a comerciante Deise Jorger, que também tem um estabelecimento na Trajano Reis, acredita que quatro pessoas sejam “moradoras” fixas do mocó, pois diariamente são vistas no local. Entretanto, seja durante o dia ou durante a noite, outras aparecem para beber e consumir drogas. “Minha filha já viu uma pessoa cheirando cola na frente do mocó, mas geralmente não chegamos perto do lugar”, afirma.

Deise revela que vive insegura devido à presença dos marginais. “Já chamamos a polícia, mas não adianta nada: os marginais deixam a casa e, um tempo depois, aparecem novamente no local”, diz. “Freqüentemente, um rapaz que vive lá vem até meu estabelecimento para pedir água.” Na tentativa de manter uma política de boa vizinhança, a comerciante afirma que nunca negou o pedido. “Nunca me aconteceu nada, nem ao lugar onde trabalho, mas não consigo me sentir segura”, confessa.

PM

Segundo o 12.º Batalhão da Polícia Militar, já foram feitas vistorias no mocó, porém não foram encontrados vestígios de tráfico de drogas nem produtos roubados. Chegou-se à conclusão de que quem vive no local são apenas pessoas desabrigadas, que utilizam a casa para dormir.

Diante das suspeitas e do temor dos moradores e comerciantes, a polícia fez ontem uma nova vistoria no local. Foram recolhidos quatro menores que dormiam na casa. Os policiais perceberam que há risco de desabamento da construção. Novamente, não foram encontradas drogas, nem objetos roubados.

Nos últimos dois meses, em quatro quadras da Rua Trajano Reis, entre os números 300 e 600, foram atendidas treze ocorrências.

Prefeitura

A assessoria de comunicação da Prefeitura de Curitiba explicou que o imóvel invadido é uma unidade de interesse de preservação. O proprietário já havia sido notificado anteriormente e vedou a entrada em alvenaria, mas os vândalos abriram buracos e voltaram a entrar na casa. Novamente notificado, o dono do imóvel prometeu fazer a limpeza do local e vedar a entrada novamente. Ele informou que está preparando um projeto de preservação, a ser encaminhado até o mês que vem à Secretaria de Urbanismo, para resolver definitivamente o problema.

Se o proprietário notificado não tomar as devidas providências, terá que pagar multa, que varia entre R$ 4 mil e R$ 12 mil, dependendo da área do terreno e da área construída.

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