Mochilas com excesso de peso afetam estudantes

O ano escolar está chegando ao fim e muitos pais e alunos continuam reclamando do excesso de peso das mochilas. Algumas escolas ainda não tomaram nenhuma medida para evitar a situação. Por outro lado, muitos alunos mesmo sabendo que não vão usar certos materiais insistem em levá-los todos os dias para a escola. O médico ortopedista Décio De Conti explica que não existe nenhum estudo que comprove que a mochila seja a principal causa de problemas na coluna. Mas sabe-se que o excesso de peso está relacionado a uma série de doenças, como escoliose e cifose.

Jaqueline Lima, 28 anos, sempre busca a prima de 8 anos na Escola Estadual Bom Pastor. Ela é quem tem que levar para casa a mochila. “É muito pesada para uma criança de 8 anos. Aqui tem um livro, cinco cadernos, um dicionário e o estojo”, fala. Para Lia Regina Paes, 42 anos, o peso das mochilas também vai muito além do que os filhos deveriam carregar. Ela diz que o horário da escola onde a filha estuda vive mudando e eles precisam quase sempre levar todos os materiais. “Armários seriam uma boa opção. Mas eles vivem falando que não há dinheiro para isso”, diz. No entanto Lia reconhece que ainda não procurou a escola para tratar do assunto.

Aline Dalpra Rosa, 11 anos, estuda na 5.º série na mesma escola. Mesmo tendo um horário de aula definido para cada dia, reclama do peso. Tem dias que precisa carregar o fichário, o livro de português, matemática e de inglês. “É muito peso. Vivo com dor no ombro. A minha mãe falou que vai comprar uma mochila de rodinha”, comenta. Por falta de organização, os alunos acabam agravando ainda mais o problema. Jéssisa Ferraz, 12 anos, diz que perdeu o horário das aulas e por isso leva todos os dias uma grande quantidade de materiais, que inclui livros de todas as disciplinas, um caderno de 10 matérias e mais três cadernos pequenos. Segundo a diretora escola, Maria José de Araújo, o excesso de peso é combatido através da adoção de um horário de aulas, que serve para os alunos da 1.ª a 8.ª série.

Segundo a Irmã Lúcia Mangolim, a coordenadora da Educação Religiosa do Colégio Imaculada Conceição, a instituição também sabe que o problema existe, por isso têm sempre a preocupação de evitar a sobrecarga aos alunos. Este mês, eles tiveram uma reunião para tratar o assunto. Foi recomendado que os pais olhassem a mochila dos filhos, pois é comum que por modismos levem para a escola vários objetos desnecessários como penais e até brinquedos. Além disso, os professores anotam na agenda dos alunos o dia que devem levar livros e cadernos. Segundo a irmã, não existe espaço físico para a adoção dos armários.

Coluna

O peso das mochilas agrava os problemas da coluna. Nos consultórios de ortopedistas, a maioria dos casos está relacionada ao peso excessivo dessas bolsas. Décio explica que o aumento de peso nas costas altera o eixo de gravidade, que acaba indo para trás, aumentando de forma errada a curvatura da coluna. Com isto, ele acaba impondo uma carga excessiva na coluna causando má postura, fadiga muscular e dores nas costas. Também é errado colocar a mochila só em um dos ombros, a situação provoca uma sobrecarga e altera a postura. A escoliose é um dos problemas mais comuns, ela causa desequilíbrio da musculatura lisa do lado direito. Segundo Décio, 60% da população tem algum desvio deste tipo. Outra patologia que pode se agravar com o uso inadequado da mochila é a cifose que é a curvatura do tórax (corcunda).

Para evitar o problema o médico recomenda em primeiro lugar bom senso. Ele diz que não dá para fazer uma recomendação de modo geral porque cada criança tem uma estrutura física. Os pais devem avaliar o tamanho e o peso da criança para saber quanto peso podem carregar. Outro conselho, é que pais e escola entrem em acordo para fazer com que os alunos só carreguem os materiais que vão usar naquele dia. Além disso, seria interessante a adoção de armários.

Décio também orienta o uso de mochilas com rodinhas. Mas os pais devem prestar atenção se a alça está adequada ao tamanho da criança e os rolamentos lubrificadas, para que a coluna da criança fique reta e os ombros nivelados. “Esses procedimento causa menos problemas à coluna”, fala.

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