Ministro da Educação vaiado em aula inaugural

“Vende-se a UFPR. Tratar com o ministro Tarso Genro.” A frase estava inscrita em uma das faixas fixadas no auditório da Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde o ministro da Educação, Tarso Genro, fez ontem a aula inaugural do ano letivo de 2004 da instituição. Genro foi vaiado pelos estudantes, que cobravam uma postura do governo em relação à universidade pública, e protestavam contra pontos da reforma universitária discutida pelo MEC.

O ministro afirmou que também não concorda com ítens dessa reforma – que consiste em uma carta interministerial -, e pretende elaborar uma nova proposta para ser apresentada ao Congresso Nacional até novembro. A intenção é envolver nessa discussão a comunidade universitária e a sociedade. “Acho que independente das divergências filosóficas e teóricas, é preciso se unir para chegar à proposta que contemple a maioria das necessidades do ensino público”, comentou. Segundo Genro, a proposta do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a educação é inaceitável, “pois, como agência internacional, tem uma visão que protege os países desenvolvidos”.

Propostas

Entre os pontos da nova proposta da reforma defendida pelo Ministro, está a criação de um fundo nacional, que seria aplicado exclusivamente na educação superior. Esse fundo seria formado pela cobrança de impostos de áreas ainda não definidas pelo MEC. Genro defende também uma maior aproximação da sociedade com a universidade, inclusive com a participação de um representante atuando dentro do conselho universitário. “Mas que isso não interfira na autonomia da universidade”, frisou.

Quanto à questão de acesso, o ministro disse que a meta deste governo é garantir o ingresso de estudantes das chamadas minorias sociais no ensino superior. Para isso, vai tornar obrigatório o repasse de 20% das vagas das universidades privadas para cotas. De acordo com Genro, o governo federal gasta hoje R$ 1 bilhão com bolsas para estudantes em universidades particulares. Com esse projeto, pretende reduzir para R$ 200 milhões. “A diferença vamos repassar para as universidades públicas”, garantiu.

Paraná

O ministro recebeu do Sinditest – sindicato que representa os servidores técnico-administrativos da UFPR – um documento que afirma que a categoria foi esquecida pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva. “O governo veio prometendo melhorias e deu menos que o governo anterior”, afirmou o presidente do Sinditest, Antônio Neris. Ele citou que a categoria promete entrar em greve no próximo mês para exigir melhorias para os trabalhadores.

O reitor da UFPR, Carlos Moreira Júnior, disse que a instituição conseguiu manter um crescimento desde 1999, porém, trabalhando com menos recursos. Nos últimos quatro anos, o número de alunos da graduação saltou de 15 mil para 20 mil, porém o número de docentes passou de 1.727 para pouco mais de 1,6 mil. Apesar das colocações do reitor, o ministro garantiu que este ano a UFPR ainda irá continuar com dificuldades de recursos, já que o orçamento atual não prevê ampliação.

Estaduais

O ministro conversou ainda com alguns estudantes, que vieram pedir interferência do MEC na decisão do governo estadual de fechar mais de 40 cursos nas universidades estaduais. Tarso Genro prometeu tomar conhecimento do teor dessa decisão junto ao governador Roberto Requião, antes de definir alguma medida.

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