Maringá está infestada de caramujos africanos

Desde o início do ano, o Centro de Controle de Zoonoses e Pragas Urbanas de Maringá, na região noroeste do Estado, registrou 66 ocorrências de moradores incomodados com a presença do caramujo africano (Achatina fulica) em suas casas. Ao longo de 2008 foram 99 registros.

Fruto de um negócio mal sucedido, o molusco seria utilizado no Brasil, na década de 1980, como alternativa econômica para o escargot, o que não deu certo. Por conta disso, criadores soltaram os caramujos na natureza.

Por não existir um predador natural no Estado, eles se procriaram a agora estão trazendo riscos à saúde da população e ao meio ambiente. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), além de Maringá outras 132 cidades paranaenses registraram a presença do molusco, inclusive Curitiba.

Para a gerente de controle de zoonoses de Maringá, Marilda Fonseca de Oliveira, o verão propicia o aparecimento dos caramujos. “As chuvas intensas desse verão criaram condições favoráveis para o molusco. Com a umidade das chuvas, eles saem de onde ficam escondidos em busca de alimentos e de reprodução. Por isso, começam a invadir as residências”, explica.

Para conter esse avanço existem dois caminhos, conforme explica Oliveira. A recomendação é o recolhimento manual dos moluscos. Depois disso é preciso colocá-los em uma lata e atear fogo. Quando o fogo baixar basta quebrar as conchas e enterrar ou jogar no lixo”, diz.

Para a bióloga da divisão de zoonoses e intoxicações da Sesa, Gisélia Rubio, além do procedimento de incineração, é preciso manter terrenos baldios e quintais sempre limpos.

“O combate ao caramujo é semelhante ao trabalho contra o mosquito da dengue: cada um deve cuidar do seu terreno. Se a população não entender que é preciso manter o quintal limpo, sem entulho, madeira e resto de lixo orgânico, nunca conseguiremos controlar os moluscos. O caramujo é onívoro, por isso qualquer alimento é atrativo para ele, especialmente os com cálcio. Para controlar é só não acumular lixo”, alerta Rubio.

Cuidado

As especialistas alertam que essa espécie de caramujo pode causar doenças como a meningite e a angiostrongilíase abdominal, doença que pode causar perfuração intestinal e hemorragia abdominal.

“Por isso é preciso cuidado redobrado ao manusear esse tipo de caramujo. O contado com seu muco não deve acontecer, pois é ali que os vermes ficam”, alerta Rubio. Em todo o Brasil, apenas dois casos de contaminação foram registrados desde 2000, ambos em Cariacica, no Espírito Santo.