Mais um Dia das Crianças na expectativa

É fácil e alegre imaginar o quanto a presença de uma criança preenche um ambiente. Porém, é difícil e doloroso pensar a falta que uma criança faz. É triste, mas apenas perdendo-as para sentir. Portanto, hoje, neste Dia das Crianças, é importante lembrar de cada uma das 26 que estão desaparecidas no Paraná. Nesta data, estes pais lembram e se entristecem. Porém, acima de tudo, recomendam: ?Amem seus filhos, dêem muito carinho. Abracem e beijem, hoje e sempre. Porque isso, ninguém rouba de você?.

Quem nunca viu em cartaz, atrás do canhoto de pedágio ou em alguma embalagem, os rostos dessas crianças paranaenses. Guilherme Caramês Tiburtius, que tinha oito anos quando sumiu. Na manhã em que desapareceu, no dia 17 de junho de 1991, ele andava de bicicleta perto de casa. ?Esse dia pesa. Desde que ele desapareceu já apareceram seis ou sete esperanças de reencontro, mas em nenhuma era ele?, afirma Arlete, mãe do Guilherme. ?Aos pais que têm suas crianças, hoje eu recomendo que as amem e dêem muito carinho. Aos que as perderam eu digo que nunca percam a esperança, que não desistam?, deseja ela.

Outras crianças também aparecem nos cartazes dos desaparecidos. Na década de 80 foram muitos. Ewerton de Lima Gonçalves sumiu aos quatro anos de idade, em dezembro de 1988. Ele brincava em frente à casa, e a mãe entrou para atender outro filho pequeno, mas ao voltar não o encontrou mais. Já Rodrigo Novicki de Oliveira desapareceu na véspera do Dia das Crianças, em 1987. Ele tinha um ano e oito meses e foi levado enquanto brincava no jardim da casa da madrinha. Na mesma época, em 1986, Adriano Marques da Silva, aos oito anos, foi à padaria, em Cascavel, e não voltou.

José Carlos dos Santos, quando tinha 11 anos, em março de 1992, saiu de casa, em Maringá, para vender limão e nunca mais foi visto. Edson Rodrigo Batista da Silva estava com os pais em uma exposição agropecuária de Londrina, também em 1992, quando desapareceu aos seis anos. Na mesma época também sumiu Leandro Bossi, de oito anos, no caminho entre o trabalho da mãe e a casa, em Guaratuba. Ainda em 1992, desapareceram Gislaine Ferreira, aos seis anos, em Colombo, e Ednilton Palma, aos dez anos, em Maringá.

O rosto que também continua no cartaz é o de Lucinéia Silvéria da Silva, desde que tinha cinco anos. Em 1992, ela brincava na rua com amigos quando desapareceu. No próximo dia 5, ela completa 20 anos. Os pais, Milta e João da Silva, têm outros cinco filhos e seis netos, mas a falta da filha ainda dói. ?É difícil, principalmente nesse dia, que a gente sempre juntava as crianças, fazia uma comida especial e dava presentes. Não tem como não lembrar dela. O melhor presente seria encontrá-la?, diz a mãe. O pai, ainda que triste pela data de hoje, consegue dimensionar o quanto vale uma criança. ?Acho que não tem preço, mas posso dizer que o valor de uma criança é o coração de um pai e de uma mãe?, alerta.

Outros casos no interior do Paraná

Aliocha Maurício/O Estado
Crianças desaparecidas, longe dos pais, não podem comemorar a data considerada tão especial.

Das 26 crianças ainda não encontradas, pelo menos 22 sumiram entre os anos 1990 e 2005. Além de Guilherme, de 1991, e as seis crianças de 1992, em Roncador, no centro-oeste do estado, em 1990, desapareceu Leandro Correia, quando tinha três anos. Enquanto quebrava milho, a mãe deixou ele no berço, a 50 metros, dez minutos depois ele já não estava. Em Iporã, norte do Paraná, Letícia Mendes de Oliveira desapareceu, em agosto de 1995, quando tinha três anos. O pai a deixou no pasto para pegar um cavalo que fugiu e quando voltou a filha não estava mais.

Ainda estão entre as crianças desaparecidas nesse período, Everton Vidal Ficagna, de 14 anos, que sumiu em 1994, em Corbélia, entre a casa e o futebol; Kelly Cristina da Silva, de seis anos, que em 1997, desapareceu ao seguir um desconhecido ao circo; no mesmo ano foi Osnei Ranea, de 12 anos; e, em 1999, Juliano do Nascimento, de 12 anos, que saiu de casa para visitar a avó, mas nunca mais foi encontrado.

Nos último seis anos, desapareceram Cristiano José Guido, de 14 anos, em 2000; Ana Cláudia Manoel, de 14 anos, e Leonardo de Mello e Silva, em 2001; Lucas Fernandes Monteiro, de seis anos, em 2002; Ana Paula Padilha, de oito anos, Vanessa Noss, 12 anos, Alex da Silva Botzan, nove anos, Cláudio da Silva Botzan, dez anos, Luana de Oliveira Lopes, de cinco anos, em 2003; e, desde março de 2005, ainda não foi encontrada Vivian Florêncio, de quatro anos. Ela saiu com a mãe, que foi encontrada morta.

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