Tristeza

Mais de 43 mil pessoas são afetadas pelas chuvas no Paraná

As fortes chuvas que atingiram o estado Paraná desde a madrugada de sábado (7) trouxeram muitos prejuízos. De acordo com boletim da Defesa Civil, divulgado no início da noite deste domingo (8), 48.208 pessoas foram afetadas e 5.084 residências sofreram algum tipo de dano. O número de desalojados é de 3.592, com 2.056 desabrigados. Foram registradas 10 mortes.

Na capital, mais de 15 mil pessoas foram afetadas pelos alagamentos provocados pelas chuvas, que atingiram 104 milímetros na noite de sexta para sábado, índice muito acima do normal para o período. Ainda no sábado, o prefeito Gustavo Fruet decretou estado de alerta na cidade.

Entre os bairros mais atingidos estão a Cidade Industrial de Curitiba, Hauer, Boqueirão, Uberaba, Fazendinha, Santa Felicidade, Boa Vista, Cajuru e Tatuquara. Na região metropolitana foram afetadas as cidades de Pinhais, Piraquara, Campo Largo, Colombo, Araucária e Almirante Tamandaré.

Para a população restou protestar e passar o dia limpando a sujeira e a lama que a enchente trouxe para dentro das residências.  Moradores da Rua das Carmelitas no Boqueirão, cobrador Fabian Buhr e sua esposa, a babá Toniele Buhr, estão entre os muitos afetados pela chuva. Toniele conta que estava sozinha em casa quando a água começou a subir por volta das 5h da manhã.

“O nível da água subiu rápido, sozinha não consegui tirar nem móveis e nem os carros que também ficaram alagados. Na minha casa o água ficou na altura do joelho”. Para baixar o nível da água acumulada no terreno, o casal alugou uma bomba em uma empresa vizinha. “Comecei a retirar água às 9h. Por volta das 15h e ainda tenho o que drenar. Acho que deveria ter guardado esta água para levar para a Arena” desabafa Fabian em tom de crítica à falta de investimentos na região e aos excessos de gastos com a Copa do Mundo.

Vizinha do casal, a cobradora Maria do Carmo diz que esta não é a primeira enchente na região. “Isso acontece aqui faz tempo. O rio enche e a água vem com tudo. Sorte que um dos cômodos da minha casa é mais alto, assim, vou ter onde dormir esta noite com meu marido e três filhos” relata a moradora.

No Boqueirão, a Rua das Carmelitas chegou a ser bloqueada com pneus queimados em vários pontos durante a manhã e a tarde de sábado. O mesmo aconteceu em ruas dos bairros como o CIC, Hauer e Uberaba.  Outra via fechada por moradores em protesto foi a Rua José Hauer, que teve barreiras de móveis queimados em vários pontos de sua extensão entre a Rua Canal Belém e a Avenida Senador Salgado Filho. Nos protestos, os moradores reclamavam da falta de obras para evitar os alagamentos.

Vanessa Regina Blittes vive há 34 anos neste ponto da José Hauer próximo ao Rio Belém. “Desde que moro aqui presencio enchentes. Sempre acontece, é uma tristeza. Além da sujeira, temos prejuízo com móveis e eletrodomésticos, está tudo boiando, fogão, geladeira. Mas tá tudo bem, temos que ficar feliz, afinal de contas vamos ter uma Copa na cidade” diz a moradora, repetindo o discurso contra a Copa, comum nos protestos pós-enchente deste sábado.

No Feirão de Frutas e Verduras do comerciante Juarez José Caetano não sobrou nada depois que cerca de um metro de água invadiu o estabelecimento. Todas as frutas, hortaliças e vegetais foram recolhidas para irem direto para o lixo. Trabalhando há 15 anos nesta região do Uberaba, o comerciante diz que desta vez o prejuízo foi grande. “Perdi toda a minha mercadoria. No total são cerca de R$ 5 mil reais jogados fora. Além disto, preciso me preocupar em dar uma destinação correta aos produtos, para não correr o risco de alguém pegar e consumir estas frutas e verduras contaminadas pela mistura de esgoto, água da chuva e do Rio Belém”.

Também atingida pela chuva, a histórica Casa dos Gerânios localizada na Avenida Manoel Ribas, em Santa Felicidade, preocupa seus proprietários. “A casa que é uma unidade de interes,se de preservação (UIP) foi construída em 1880 e sofre constantemente com as enchentes. Minha família quer concluir a restauração, mas antes é preciso resolver principalmente a questão dos dois rios que inundam a casa” relata o filho da proprietária da casa Paulo Boscardin Pereira.

Ciciro Back
Moradores das áreas atingidas estão desolados com o estrago das chuvas.