Em baixa

Liquidações não esquentam vendas durante o inverno

Mesmo com descontos de até 70%, o movimento nas liquidações de inverno está 30% menor do que nos últimos anos, de acordo com vendedores de lojas no Centro da cidade. A expectativa do comércio é que o frio desta semana impulsione as vendas, mas quem cruza pelas lojas se mostra resistente a gastar.

A comerciária Erminia Manoela Corredato percebeu que os preços estão mais atraentes. “Na semana passada comprei uma jaqueta para o meu marido por R$ 220 e, nesta semana, o mesmo modelo passou para R$ 150”, aponta. Mas ela diz que só aproveita a liquidação quando precisa do produto. “Só compro se eu for usar agora, pois o dinheiro não está sobrando”, revela.

A costureira Maria Eunice Teixeira de Oliveira garimpou algumas ofertas, mas considera que os preços das liquidações não estão a contento. “Encontrei meias de lã de R$ 19,90 por R$ 9,90, mas outros itens ainda estão muito caros. Como sei costurar, prefiro comprar o tecido que também está mais caro e fazer”, explica. Ela comprou soft para fazer pijamas. Enquanto o metro saiu por R$ 9,90 – e para cada peça não são necessários mais do que dois metros – pijama pronto do mesmo material não sai por menos de R$ 40 na loja.

Só piora

“Não conseguimos bater nem a meta do Dia das Mães e de lá para cá só piorou. Espero que o frio desta semana mude isso”, afirma a supervisora de vendas de roupas Karine Dias Brito. Trabalhando há 11 anos no comércio, ela diz que é um dos piores invernos dos últimos anos para o setor. “Já baixamos os preços em pleno inverno, mas houve queda de pelo menos 30%”.

Famílias endividadas

Para o economista e consultor da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) de Curitiba, André Soares, a estagnação nas vendas em junho e a manutenção dessa tendência é fruto do grau de endividamento das famílias. “É um ano de alerta e o controle das próprias contas é mais importante do que qualquer promoção, até porque nenhum desconto cobre os juros de cartões de crédito ou limites bancários, nem a dor de cabeça da dívida”, recomenda.

O vice-presidente da Associação Comercial do Paraná, Antônio Espolador Neto, no entanto, diz que o momento é bom para o consumidor. “Comprar com desconto na própria estação é vantagem para o cliente, já que o comerciante está achatando a margem”, indica. A ACP verificou queda de 4% nas vendas junho, comparado a maio.